A presidente Dilma Rousseff acaba de indicar vários técnicos para
seu ministério, passando uma imagem de que desistiu do toma-lá-dá-cá que
vinha caracterizando as negociações com os partidos da base aliada,
especialmente o PMDB. Segundo os analistas chapas-brancas, ela teria
colocado a parte podre PMDB em seu devido lugar, dando-lhe o recado de
que não aceitava mais esse jogo.
Perfeito para a propaganda que o
marqueteiro João Santana prepara, vendendo a volta da faxineira ética.
Só que é tudo de mentirinha, a reforma foi toda negociada com os
partidos da base, cada qual com seu bocado do governo, só que desta vez
nomeando técnicos.
No PMDB, a presidente Dilma trocou o deputado
federal Eduardo Cunha, identificado pelo Palácio do Planalto como o
comandante da banda podre do partido, pelo senador Renan Calheiros, que
representaria “o PMDB da Dilma” e, por definição, não seria parte da
podridão partidária. Vai ser difícil convencer que a presidente não
trocou seis por meia dúzia.
A mais perfeita síntese da ética que
comandou a mudança ministerial foi a troca do ministro da Pesca, essa
peça imprescindível ao bom andamento do governo. Saiu Marcelo Crivela,
para candidatar-se ao governo do Rio, e entrou no seu lugar o senador do
PRB do Rio Eduardo Lopes, que vem a ser o suplente do próprio Crivela.
Quer dizer, Crivela continua à frente do ministério da Pesca.
E a
crise com a bancada da Câmara do PMDB continua do mesmo tamanho. Dividir
o PMDB do Senado e da Câmara pode dar certo e Dilma ficar com os quatro
minutos de tempo de televisão do PMDB. Mas as dissidências regionais
continuam do mesma tamanho.
Me engana que eu gosto.