É a economia
Como é sabido, a situação da economia não apenas influencia o
resultado das eleições como também a situação política interfere na
economia, especialmente em anos eleitorais como o que vivemos. Já
tivemos no mercado internacional o lulômetro, que o banco de
investimentos americano Goldman Sachs criou na eleição de 2002 para
medir a influência na cotação do dólar do risco de Lula vir a ser eleito
presidente da República.
O modelo matemático previa que o dólar
chegaria a 3 reais em outubro, e ele chegou a 4 diante da realidade de
Lula subindo a rampa do Palácio do Planalto. Depois de duas eleições em
que reeleger Lula ou eleger Dilma não parecia perigoso para a economia
do país, chegamos este ano a uma eleição diferente.
O ex-presidente
do Banco Central Armínio Fraga, um dos mais contundentes críticos da
política econômica do governo, já previu que a possibilidade de Dilma se
reeleger no primeiro turno, como apontam as pesquisas até o momento,
pode ter o mesmo efeito que a vitória de Lula em 2002, uma disparada do
dólar, diante do que o mercado já sabe que Dilma é capaz de desfazer na
economia.
Na contramão, a possibilidade de haver segundo turno, com
boa chance de derrota do PT, pode fazer a Bolsa de Valores retomar o
crescimento, depois de ter caído quase 40% dos anos Dilma.
Circula
agora no mercado financeiro uma análise do Gerente da Área de
Macroeconomia da LCA Consultores, Francisco Carlos Pessoa Faria Junior,
que coloca na mesa não apenas a possibilidade de Dilma ser derrotada em
outubro, como também joga suas fichas em que a disputa no segundo turno
será com o governador de Pernambuco Eduardo Campos.
“Eu não
compartilho da ideia de que a Presidente Dilma já está com a reeleição
garantida. Pelo contrário: em minha opinião a atual incumbente não é nem
a favorita á eleição presidencial”, começa o economista sua análise,
baseado em três premissas: a situação socioeconômica não irá melhorar
até o final do ano; haverá segundo turno; e ele será disputado entre
Dilma e Campos, o que para ele parece ser uma vantagem para o
pernambucano dissidente.
Lembrando que a presidente Dilma teve uma
queda abrupta de popularidade após as manifestações de junho, só
recuperando em parte seus índices positivos, Francisco Carlos Pessoa diz
que esse fato “sugere que, curiosamente, as pesquisas de popularidade
talvez carreguem um componente inercial, ou de retroalimentação, maior
que costumamos supor. E também indica que as manifestações que sugiram
não devem ser o único motivo por trás da queda de popularidade da
presidente”.
Daqui até outubro as coisas não vão ficar melhores para
Dilma, esta é a primeira premissa do analista. Mesmo que não haja
racionamento de energia, e ele acredita que não haverá, “uma série de
problemas deverá piorar não só a situação real da economia, mas também a
sensação térmica”, diz ele.
Como há muito tempo não acontecia, a política econômica vai estar na berlinda, diz ele, e não faltarão alvos: inflação persistentemente alta, PIB persistentemente baixo, possibilidade de rebaixamento de nossa classificação de risco e deterioração das contas públicas e externas.
Como há muito tempo não acontecia, a política econômica vai estar na berlinda, diz ele, e não faltarão alvos: inflação persistentemente alta, PIB persistentemente baixo, possibilidade de rebaixamento de nossa classificação de risco e deterioração das contas públicas e externas.
Aos problemas econômicos
Francisco Carlos Pessoa junta a Copa do Mundo, que segundo ele
transformou-se de trunfo em fardo para o governo brasileiro. Prevendo
novas manifestações de rua, ele diz que tudo leva a crer que haverá
segundo turno, para ele entre Dilma e Eduardo Campos, o candidato mais
possível de ser caracterizado como “o novo” que Francisco Carlos Pessoa
acha que está sendo procurado pelo eleitor esse ano.
Essa disputa no
segundo turno, que ele considera sem favoritos, trará incertezas geradas
pelas dúvidas. “É possível, até que haja uma nova rodada de
considerável desvalorização da taxa de câmbio”, prevalecendo o viés
heterodoxo que ele vê na construção da plataforma de Campos, com a
adaptação necessária às exigências da Rede de sua provável vice Marina
Silva.
Provavelmente, analisa Francisco Carlos Pessoa, será possível, “para os que tiverem bastante coragem”, ganhar algum dinheiro apostando em um dólar mais caro e em juros futuros mais altos. “A não ser que, diante do quadro pintado acima, o ex-presidente Lula resolva adiantar sua volta ao embate eleitoral”, adverte.
Provavelmente, analisa Francisco Carlos Pessoa, será possível, “para os que tiverem bastante coragem”, ganhar algum dinheiro apostando em um dólar mais caro e em juros futuros mais altos. “A não ser que, diante do quadro pintado acima, o ex-presidente Lula resolva adiantar sua volta ao embate eleitoral”, adverte.
Nesse caso, o analista não
afirma, mas é possível perceber que uma solução Lula, ao contrário de
2002, seria a preferida do mercado financeiro, na suposição de que o
Lula que voltará é o “Paz e Amor” do primeiro governo, e não o que deu
uma guinada à esquerda no segundo mandato que permitiu a ascensão de
Dilma Rousseff ao Gabinete Civil e depois à Presidência da República.