Membro da Executiva Nacional do PMDB, Geddel Vieira Lima afirma que a
legenda “precisa ter mais respeito por si mesma”. Ex-ministro de Lula,
ele não se conforma com o fato de dirigentes do partido ainda pedirem
ministérios a Dilma Rousseff. “É hora de sair, de entregar ministérios,
não de pedir mais. Isso nos arrebenta, acaba com a nossa imagem.”
Irônico,
Geddel evoca o Lepo Lepo, sucesso da banda Psirico no Carnaval de 2014,
para resumir a situação do PMDB. “O partido não tem nada, é tratado
pela presidente da República com requintes de crueldade, é apresentado
como fisiológico e se mantém no governo. Ficar com Dilma por quê? Só
pelo Lepo Lepo? Na prática, é o que está acontecendo.”
Geddel
defende o reposicionamento do PMDB. “Vice-presidência da República não é
projeto, é circunstância”, diz. “Um partido pode, circunstancialmente,
fazer alianças. Mas é natural que evolua. Temos eleições de quatro em
quatro anos justamente para permitir repactuações políticas. Vale para
os eleitores e também para os partidos.”
Ele ironiza os ataques de
petistas como Rui Falcão e a própria Dilma à diversidade de opiniões
dos peemedebistas. “Nesse aspecto, o PMDB é igualzinho ao PT. A
diferença é que eles dão nome aos seus grupos. É democracia radical,
convergência de esquerda, isso e aquilo.”
Sob Dilma, Geddel ocupou
a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal até
dezembro de 2013. Deixou o cargo para dedicar-se à sucessão na Bahia. É
adversário do PT no Estado. Ante a acusação de incoerência, o amigo do
vice-presidente Michel Temer se escora no PT e em Lula.
“O PT
entende a evolução como alto natural. Até porque nenhum outro partido
mudou tanto suas posições ideológicas quanto o PT. O presidente Lula,
que é o grande líder do PT, patrono da presidente Dilma, já disse que
prefere ser uma metamorfose ambulante. Portanto, não sou eu que estou
dizendo que é preciso evoluir. Quem diz é o Lula. E o Raul Seixas.”