Lula agora quer levar a Cuba o ‘Mais Embrapa’
Na Presidência, Lula assegurou a Cuba os financiamentos do BNDES que bancaram a maior obra de infraestrutura da ilha comandada pelos irmãos Raúl e Fidel Castro, o Porto de Mariel. Coisa de US$ 682 milhões em três anos. No usufruto da condição de ex-presidente, ele deseja catapultar a produtividade da agricultura cubana.
Em viagem encerrada nesta quinta-feira (27), Lula fez uma visita sentimental às instalações de Mariel, inauguradas
pela pupila Dilma Rousseff há um mês. Depois, acompanhado do senador
Blairo Maggi (PR-MT), um dos maiores produtores de soja do mundo, foi à
cidade de Ciégo de Ávila. Ali, inspecionou a fazenda da Cubasoy, uma
estatal agrícola militar. Assumiu novos “compromissos” com a ditadura
companheira.
“Começa agora um novo tipo de cooperação”,
disse. Envolve duas iniciativas. Numa, Lula comprometeu-se em
satisfazer o “desejo dos companheiros de Cuba de que a Embrapa mande
técnicos seus para ficar aqui mais tempo.” Não especificou os prazos, a
quantidade da mão de obra nem os custos. “Eu acho que o governo
brasileiro vai permitir”, limitou-se a dizer, como que se autoinvestindo
na condição de presidente paralelo do país.
Noutra iniciativa,
Lula assumiu o papel de intermediário do acesso dos cubanos às modernas
lavouras de Maggi no Mato Grosso. “O nosso companheiro Blairo Maggi, já
avisou aos ministros da Agricultura e da Defesa que ele está disposto a
receber quantos companheiros cubanos quiserem ir ao Brasil para
acompanhar o ciclo —do plantio até a colheita— da soja, para ver o que
pode ser feito para aumentar a produtividade da soja e do milho”
plantados em Cuba.
A
estatal militar Cubasoy foi fundada em 2006, numa tentativa do regime
de Havana de diversificar sua produção agrícola, concentrada na cana de
açúcar. Em 2008, quando ainda era presidente, Lula mandou o então
chanceler Celso Amorim a Havana para celebrar um termo de cooperação
num projeto de plantio de 40 mil hectares de soja. A estatal brasileira
de pesquisa agropecuária entraria com a assistência técnica.
No
ano passado, em conversa com o ditador Raúl Castro, Lula fora informado
de que a produtividade da lavoura socialista de Cuba continuava baixa.
“No Brasil, você colhe de 3,5 a 4 toneladas por hectare”, diz. Em Cuba,
apenas “1,2 tonelada por hectare.” Convidou Maggi a acompanhá-lo porque
prometera a Raúl que levaria a Cuba “um grande empresário” brasileiro.
Na
avaliação de Lula, com mais Embrapa e com o auxílio do agronegócio do
Brasil, a produção cubana dará um salto. “O melhor jeito de ajudar é
levar conhecimento, fazer com que as pessoas tenham acesso a tecnologias
modernas.” Beleza. Na parte privada, Maggi saberá o que fazer para
ajustar a ajuda às conveniências da caixa registradora. Resta informar
que vantagens o contribuinte brasileiro leva com o envolvimento da
Embrapa no negócio.