Campanha de Dilma: Aluga-se para governo e comitê
11 de março de 2014 | 2h 03 -Fábio Fabrini e Andreza Matais - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O novo QG da campanha reeleitoral do PT em
Brasília funcionará em dois pavimentos de 2,4 mil m² de um edifício na
área central de Brasília, com subsolo de mais 200 m² capaz de abrigar 11
veículos ou servir de escritório. O partido da presidente Dilma
Rousseff escolheu um imóvel pertencente a uma empresa que tem contratos
com órgãos do governo. Desde a posse da presidente, essa empresa já
recebeu R$ 18,3 milhões em contratos.
O QG petista será no edifício Embassy Tower, do Grupo Sarkis (SKS), que controla uma rede de empresas do setor imobiliário.
Desde 2011, o Ministério da Cultura pagou ao SKS R$ 13,5 milhões, referentes ao aluguel de espaços na capital federal.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
vinculado ao Ministério da Educação, repassou R$ 4,8 milhões, também
pela locação de salas do mesmo grupo.
Os dois órgãos são comandados pelo PT desde o início do governo
Dilma. Os contratos foram firmados com dispensa de licitação, de acordo
com nota de empenho registrado no Portal da Transparência.
Até a montagem do QG, o PT fará uma reforma no local. "O novo
inquilino vai reformar ele todo para a gente; vai entregar outro
imóvel", afirma um administrador do grupo que se envolveu na negociação.
Por ora, a pré-campanha de Dilma funciona em São Paulo no escritório
do marqueteiro João Santana, que está focado na disputa presidencial. Já
está definido que o deputado estadual Edinho Silva (SP) será o
tesoureiro do comitê.
No Embassy Tower vão trabalhar as principais equipes de apoio à
pré-campanha e à disputa eleitoral, que começa oficialmente em julho.
Os candidatos só podem receber doações de campanha a partir de 30 de
junho, após a realização de convenções partidárias. Até lá, as doações
são feitas aos partidos.
O Embassy Tower não deve ser o único QG da campanha de Dilma, que
será concentrada em Brasília. Um integrante do comando da candidatura
diz que outros imóveis podem ser alugados.
Pesquisa. O grupo SKS confirma que alugou o espaço
para o PT e que mantém contratos com o governo. O Estado apurou que o
partido deve pagar R$ 135 mil mensais pelos dois andares no Embassy
Tower. O contrato, já em vigor, tem nove meses de duração e poderá ser
prorrogado.
"Pertence ao nosso grupo. Não tem superfaturamento, nada disso. Antes
de fechar, o partido fez uma pesquisa de preços e o nosso foi o mais
baixo", disse Thiago Sarkis, um dos representantes do SKS. Além do setor
imobiliário, o SKS atua na construção civil, produção de cimento,
concreto, aço, mineração e hotelaria. Outras empresas do grupo também
têm negócios com o governo federal.
Procurada, a assessoria de imprensa do PT pediu que o Estado enviasse
os questionamentos por e-mail. Até a edição ser concluída, o partido
não enviou resposta. A reportagem também encaminhou as perguntas ao
tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, mas não obteve resposta. O PT
costuma afirmar, quando questionado sobre despesas com fornecedores, que
suas despesas são registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Em 2010, o comitê de Dilma usava duas casas no Lago Sul, área nobre
de Brasília. Uma era parcialmente mantida pelo empresário Benedito de
Oliveira, que também mantinha contratos com o governo na época.