Boias para Dilma
Artigo de Eliane Cantanhêde na Folha em 25/03/2014
O escândalo da refinaria de Pasadena parece em banho–maria, mas pode
apostar que vem mais coisa e convém ficar atento, ou atenta, a Nestor
Cerveró, demitido oito anos depois de um parecer "falho", seis depois da
descobertas das "falhas" e alguns depois de parar na diretoria
financeira da BR Distribuidora.
Os erros de Cerveró são mesmo de Cerveró, ou ele estava a serviço de alguém, cumprindo ordens superiores?
Além disso, o que se discute não é só Pasadena, mas o conjunto da obra
na Petrobras: a politização dos preços da gasolina, a perda de metade do
valor de mercado, o aparelhamento, a sindicalização e a história de
propina de uma firma holandesa.
Toda a energia do governo e dos governistas é usada para jogar os homens
da Petrobras ao mar e concentrar todas as boias para salvar a
presidente e candidata Dilma.
Mas... Dilma era chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de
Administração da Petrobras quando este autorizou um negócio que, segundo
ela própria agora, "seguramente" não deveria ser feito. Ninguém
questiona a honradez de Dilma, mas e a competência, onde ficou?
Mas... o tal Cerveró não só nunca tinha sido punido como ganhou o cargo na poderosa BR e só saiu de lá na sexta passada.
Mas... se até o Planalto e Lula admitem que a nota de Dilma sobre
Pasadena foi um erro, como transformar esse erro num grande acerto?
E o melhor de tudo é Dilma admitir que os outros erraram, o relatório
era falho e a compra não deveria ter sido feita, enquanto a Petrobras e
alguns ex-diretores insistem que, "naquele momento", era um grande
negócio.
Grande negócio para quem, caras pálidas? Só se foi para a empresa que
comprou Pasadena por US$ 42,5 milhões e vendeu por US$ 1,18 bilhão para
um otário. Ou seria, ao contrário, para um espertalhão?
Cerveró, conta essa história, vai! E com todos os detalhes picantes!