Do Blog do Coronel
O senador Aécio Neves (MG),
presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência da República,
afirmou, nesta quinta-feira, 20, que a presidente Dilma Rousseff precisa
explicar porque o diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró,
não foi punido ou investigado, se a induziu ao "equívoco" de aprovar
a compra das ações da refinaria de Pasadena em 2006 pela Petrobras.
"Não dá novamente para fazer
aquilo que se tornou um mantra em todas as denúncias que ocorrem em relação ao
PT: terceirizar responsabilidades, [dizer] 'eu não sabia'. De não sabia em não
sabia, o Brasil chegou aonde chegou", disse o senador. Ele também afirmou
que Dilma deve explicações sobre as razões que a levaram a aprovar a operação
"danosa" à empresa brasileira e a "omitir", por seis anos,
dos brasileiros as causas da compra.
"A presidente contradiz a
diretoria anterior da Petrobras e é preciso que o Brasil saiba a verdade. Se
houve encaminhamento do qual ela não teve conhecimento e se isso foi feito por
má fé, tinha que haver punição exemplar de quem fez isso, com processo e prisão.
Se foi por negligência, no mínimo teria que ser afastado da vida pública",
disse Aécio.
A versão segundo a qual Cerveró,
hoje diretor de finanças da BR Distribuidora, foi o responsável pela elaboração
do "resumo executivo" apresentado ao Conselho de Administração da
Petrobras para aprovar a aquisição, que omitia duas regras da operação danosas
à empresa brasileira, consta de resposta da Presidência da República à
reportagem publicada na quarta, 19, pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Aécio defendeu a criação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o episódio e disse que
os partidos de oposição se reunirão na terça, 25, em Brasília com o objetivo de
discutir estratégias para tornar viável a criação da comissão. Ele defende que
a CPI seja mista, formada por deputados e senadores, e disse que será levado à
reunião requerimento nesse sentido.
"O Brasil precisa que se
esclareça quais foram as razões pelas quais a presidente da República,
especialista na área de minas e energia, tomou uma decisão tão danosa para as
finanças da Petrobras e para o país", disse Aécio. "O que se espera,
se houve encaminhamento equivocado por parte da diretoria internacional como
atesta a nota da presidente da República, é que aquele que fez o encaminhamento
fosse demitido ou investigado."
Para Aécio, é
"inaceitável" que, em vez de punido, Cerveró tenha sido promovido a
uma diretoria na BR Distribuidora.
"Que força tem esse cidadão? Quem o protege? Essas são questões que
precisamos esclarecer", disse. O tucano afirmou que esse
"modus operandi do PT não é mais aceito pela sociedade brasileira",
que está "cansada da ausência de respostas".
O presidenciável afirmou que a
explicação dada pela presidente Dilma Rousseff para a operação é
"absolutamente contraditória" com
o depoimento do ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, em
audiência pública no Senado. Gabrielli dissera que a medida parecia benéfica
naquele momento, de acordo com a conjuntura de mercado.
"Não acuso a presidente de
improbidade. A presidente é uma pessoa de bem. Acredito na honestidade da
presidente. O que está em xeque, neste instante, é a incapacidade, a
incompetência de alguém, com as responsabilidades que tem, ter tomado decisão
dessa gravidade. É preciso, no limite, que se assuma o erro, mas nem isso o
governo consegue fazer."
Para criar a CPI mista Aécio pede
apoio de parlamentares da base aliada do governo que já deram assinatura para a
criação da comissão externa encarregada de apurar outras denúncias envolvendo a
Petrobras. "Ou a versão do então
presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, é a correta, e tomaram uma decisão
sabendo o que estavam fazendo, ou é a versão da presidente da República. O PT
tem que escolher entre uma e outra. E o Brasil tem que dizer se está satisfeito
com uma ou com outra." (Valor Econômico)
Fonte: Blog do Coronel