Dilma não sai do palanque, usando
intensamente a máquina pública em busca da reeleição. Estão certos os
tucanos, portanto, ao defenderem que Aécio Neves se dedique à campanha
em tempo integral. Para isso, o senador deve se licenciar do cargo já no
mês que vem:
Uma corrente de conselheiros do núcleo duro
do PSDB pressiona o senador Aécio Neves (MG) a se licenciar do cargo no
início de abril para dedicar-se integralmente à campanha presidencial.
Sem o compromisso de estar em Brasília três dias da semana como
congressista, o tucano aproveitaria o tempo rodando o País.
O objetivo dos que defendem um
afastamento imediato é fazer um contraponto à agenda de viagens que a
presidente Dilma Rousseff tem feito Brasil afora. Também conta ter a
mesma disponibilidade do pré-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo
Campos, que deixará o governo de Pernambuco em 4 de abril para investir
100% do tempo no "roadshow" brasileiro.
A ideia é que o pré-candidato tucano possa aproveitar o tempo livre
para percorrer o Nordeste e o Estado de São Paulo. "Vamos vencer com uma
operação de guerrilha. Tem que viajar, andar na rua, apertar a mão das
pessoas, olhar no olho", argumentou um conselheiro da campanha do PSDB.
Afastar Aécio do Senado tem também como objetivo evitar que ele
entre, como diz um tucano, "em bolas dividas e situações
constrangedoras" ao ser confrontado com pautas polêmicas, como
recentemente ocorreu na discussão sobre maioridade penal e na alteração
do indexador das dívidas dos Estados. Em assuntos assim, o senador teria
de assumir uma posição que não necessariamente seria a melhor para um
pré-candidato à Presidência.
A proposta dos Estados é um incômodo para um presidenciável que
discutre alianças regionais, na medida em que foi o governo federal quem
abriu o debate e os senadores que serão candidatos a governador têm
interesse em aprová-la. Além disso, a medida beneficia diretamente o
município de São Paulo, sob gestão do petista Fernando Haddad, o que
teria consequências na disputa pelo governo paulista, comandado há 20
anos pelo PSDB.
Procurado, Aécio admite que pode afastar-se do cargo, mas ainda não
decidiu qual é o melhor momento. O senador também admitiu que vem
conversando sobre o assunto com todos os seus conselheiros.
Contramão. Um
eventual afastamento do Senado vai na contramão do que a maioria dos
parlamentares que vão disputar eleições faz. A divulgação do nome do
político em canais oficiais, como TV Câmara e TV Senado e pelo programa
de rádio Voz do Brasil, é uma ferramenta importante na campanha, assim
como a cobertura jornalística do Legislativo.
No entanto, os tucanos favoráveis ao afastamento de Aécio alegam que o
pré-candidato se manteria no noticiário independentemente de seu cargo
no Senado."O que ele falar, seja pelas mídias sociais dele ou como
presidente do partido, a imprensa vai querer ouvir e replicar", defendeu
um entusiasta dessa estratégia.
Fonte: Estadão/ Blog do Orlando Tambosi.