Dilma indica nome para Agricultura e PMDB reage
Escolha de Enio Marques desperta reação em grupos para os quais o médico veterinário, sugerido por Kátia Abreu, ‘não representa a vontade’ do partido
19 de fevereiro de 2014 - Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo
Brasília - A indicação feita pela presidente Dilma
Rousseff de que o assessor especial do Ministério da Agricultura, o
médico veterinário Enio Marques, será o novo ministro da Agricultura no
lugar de Antonio Andrade, desencadeou nesta quarta-feira, 19, uma forte
reação em setores do PMDB contrários ao nome.
A escolha, antecipada pelo blog de Marcelo de Moraes, no estadão.com,
tem por objetivo apresentar um nome que aproxime o governo e a campanha
da petista do agronegócio. Marques foi sugerido pela presidente da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia
Abreu (PMDB-TO), principal elo de Dilma com empresários do setor,
tradicionalmente avessa ao petismo.
O nome de Marques foi colocado por Dilma depois que o PMDB da Câmara, descontente com o atraso na reforma ministerial, decidiu não apresentar nenhum nome ao Planalto para
substituir os deputados da bancada que ocupam cargos nos ministérios,
caso de Andrade e Gastão Vieira (Turismo). Mas foram justamente os
deputados peemedebistas que contestaram o nome de Marques.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que se Marques for mesmo
nomeado o governo estará comprando uma briga ainda maior com a bancada
do PMDB na Câmara. "Já exoneramos o sujeito uma vez, se ela o colocar
como ministro, aí vai ser uma agressão ao meu partido", avisou. "Essa
pessoa não representa a vontade do PMDB. Se for ele, então haverá um
rompimento do governo com o PMDB da Câmara", ameaçou Cunha.
Minas Gerais. Além disso, a indicação foi
considerada prejudicial na articulação montada pelo PT e pelo governo
para atrair o PMDB mineiro para a campanha de Dilma e do petista
Fernando Pimentel ao governo do Estado. O presidente em exercício da
legenda, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), criticou a escolha.
"A presidente está conseguindo um feito difícil: montar todos os seus
ministérios sem nenhum mineiro como titular. De certo ela não está
precisando de votos em Minas, deve achar que vai tirar a diferença no
Rio Grande do Sul." E finalizou: "Isso é só mais um sintoma do prestígio
que ela tem por Minas".
A indicação de Marques contempla o desejo de Kátia Abreu, que já
defendia o nome do futuro ministro para cargos estratégicos no governo
desde quando ele ainda comandava a Secretaria de Defesa Agropecuária. A
senadora disse que só se pronunciará após ele assumir a pasta.
Em agosto de 2013, Marques foi exonerado da Secretaria de Defesa
Agropecuária após pressão do PMDB, que conseguiu substituí-lo pelo
advogado Rodrigo Figueiredo. Na época, houve reação do setor
agropecuário, mas peemedebistas ficaram satisfeitos com o novo nome.