O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho, defendeu o financiamento do governo ao evento do MST,
realizado há 10 dias em Brasília. Gilberto classificou de “ideológicas e
políticas” a revelação de que Caixa Econômica Federal, BNDES e
Petrobras haviam patrocinado uma feira agroecológica realizada durante o
congresso e comparou o financiamento ao que é dado a feiras
agropecuárias em diversas cidades do País.
“A Caixa Econômica, o BNDES e qualquer órgão público financiaram
simplesmente o apoio à produção legítima de agricultores que estão
contribuindo muito para a melhoria da qualidade do produto que chega à
mesa do brasileiro”, afirmou o ministro ao chegar no Itamaraty para um
evento sobre política externa sem explicar como alguém pode ser
agricultor sem terra.
“E vamos seguir fazendo, seja com agronegócio, financiando em
centenas de milhões por ano, seja financiando a agricultura familiar. É
disso que se trata. O resto é tentativa de uso ideológico e político de
uma ação que, ao nosso juízo, é legítima”.
Para o ministro, é um dever do governo financiar ações que estimulem a
“organização da cidadania e da produção” e é próprio de um governo
democrático fazê-lo. “Portanto nós repelimos qualquer tentativa de dizer
que estamos financiando a baderna ou a violência”, disse.
Gilberto defendeu o MST, afirmando que o governo considera o
movimento legítimo e não o vê como um mal e defendeu as ações. “Eu quero
dizer de maneira clara que não se pode confundir o MST com baderneiros.
O MST não é um movimento de baderneiros, é um movimento legítimo e
responsável por uma realização importante no País no processo de reforma
agrária e, mais do que isso, hoje responsável pela produção de
alimentos orgânicos, em cooperativa em todo o País”.
Esta semana, a imprensa revelou que a Petrobras patrocinou o MST, com
R$ 650 mil e a Caixa Econômica Federal e o BNDES colaboraram com um
total de R$ 550 mil para o evento, por meio de patrocínios para a
Associação Brasil Popular (Abrapo). O Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra) aplicou R$ 448,1 mil para montar a estrutura da
feira agroecológica. Os recursos foram a fundo perdido.