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terça-feira, dezembro 04, 2012
FOLHA DE SÃO PAULO 16 de agosto de 2010 - "Faz-tudo" de Lula em SP influencia nomeações
Discreta, assessora emplaca diretores em agências e marido na Infraero
Acompanhar presidente em viagens ao exterior e triar currículos estão entre as tarefas da chefe do gabinete paulistano
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
Praticamente anônima, uma funcionária do governo federal exerce há sete anos considerável influência na gestão Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de Rosemary Nóvoa de Noronha, a "faz-tudo" da Presidência da República em São Paulo.
Rose, como é chamada, é presença constante (e discreta) nas comitivas presidenciais mundo afora. Emplacou diretores em agências reguladoras e o marido numa assessoria especial da Infraero.
Entre suas raras aparições públicas, estão duas fotografias numa revista de celebridades, identificada só pelo nome, sem o cargo que ocupa -um dos mais estratégicos da administração direta federal e que lhe rende R$ 11.179 mensais brutos.
Rose trabalha ao lado do gabinete de vidros blindados onde Lula despacha quando está na capital paulista, no 3º andar do prédio da Previ, na esquina da rua Augusta com a avenida Paulista. Ali funciona a sede paulistana do Banco do Brasil. Chefe do gabinete regional da Presidência da República, Rose secretaria Lula e o acompanha em viagens internacionais.
Rose conheceu Lula nos anos 90, trabalhando com o então presidente nacional do PT, José Dirceu, a quem assessorou por 12 anos. Começou no governo federal em fevereiro de 2003, como assessora especial do gabinete regional. Passou a chefe da unidade em 2005.
Rodou o mundo a serviço do Planalto em pelo menos 17 viagens entre 2005 e 2010 (ao todo, R$ 45 mil em diárias), a países da América Latina, Oriente Médio, África e Europa. Costuma integrar o Escav (escalão avançado), equipe que prepara a chegada de Lula. Rose circula com extrema reserva -a Folha não localizou uma única foto dela nesses eventos.
Um petista graduado de São Paulo conta que ela faz "uma triagem" de currículos de candidatos a cargos de segundo e terceiro escalões.
A discrição começou a ficar comprometida quando Rose apoiou nomeações para diretorias de duas agências reguladoras, tornando-se foco de notas na imprensa.
Em março, o advogado Rubens Carlos Vieira, procurador da Fazenda Nacional e ex-corregedor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), foi indicado por Lula e tomou posse como diretor na área de regulação econômica da Anac.
Seu irmão, Paulo Rodrigues Vieira, também advogado e ex-ouvidor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), foi indicado para uma diretoria da Ana (Agência Nacional de Águas). Ambos contaram com o apoio de Rose.
A nomeação de Paulo foi conturbada. Em dezembro de 2009, o Senado rejeitou, por 26 votos a 5, o nome encaminhado por Lula. Em abril, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recolocou o nome em votação, mesmo após um parecer contrário a um recurso. Num lance incomum no Senado, a nomeação acabou aprovada.
José Cláudio de Noronha, marido de Rose, ocupa um cargo de assessoria especial na administração regional da Infraero em São Paulo.
Em 2006, no escândalo dos gastos com cartões de crédito corporativos, o nome dela estava na lista de 65 servidores que fizeram saques para pagamento de despesas da Presidência. Autorizada por lei, Rose havia sacado R$ 2,1 mil com seu cartão.
O deputado Indio da Costa (DEM-RJ), hoje candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB), e o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) pediram a convocação de Rose para depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar o uso dos cartões corporativos. Os pedidos foram negados pela comissão.
OUTRO LADO
Procurados pela Folha, José Dirceu e os irmãos Vieira e José Cláudio Noronha não quiseram fazer nenhum comentário sobre ela.
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto chegou a informar que o secretário particular de Lula, Gilberto Carvalho, iria responder às perguntas da reportagem, mas ao longo de três semanas nenhuma resposta foi encaminhada. Rose também não quis falar
Acompanhar presidente em viagens ao exterior e triar currículos estão entre as tarefas da chefe do gabinete paulistano
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
Praticamente anônima, uma funcionária do governo federal exerce há sete anos considerável influência na gestão Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de Rosemary Nóvoa de Noronha, a "faz-tudo" da Presidência da República em São Paulo.
Rose, como é chamada, é presença constante (e discreta) nas comitivas presidenciais mundo afora. Emplacou diretores em agências reguladoras e o marido numa assessoria especial da Infraero.
Entre suas raras aparições públicas, estão duas fotografias numa revista de celebridades, identificada só pelo nome, sem o cargo que ocupa -um dos mais estratégicos da administração direta federal e que lhe rende R$ 11.179 mensais brutos.
Rose trabalha ao lado do gabinete de vidros blindados onde Lula despacha quando está na capital paulista, no 3º andar do prédio da Previ, na esquina da rua Augusta com a avenida Paulista. Ali funciona a sede paulistana do Banco do Brasil. Chefe do gabinete regional da Presidência da República, Rose secretaria Lula e o acompanha em viagens internacionais.
Rose conheceu Lula nos anos 90, trabalhando com o então presidente nacional do PT, José Dirceu, a quem assessorou por 12 anos. Começou no governo federal em fevereiro de 2003, como assessora especial do gabinete regional. Passou a chefe da unidade em 2005.
Rodou o mundo a serviço do Planalto em pelo menos 17 viagens entre 2005 e 2010 (ao todo, R$ 45 mil em diárias), a países da América Latina, Oriente Médio, África e Europa. Costuma integrar o Escav (escalão avançado), equipe que prepara a chegada de Lula. Rose circula com extrema reserva -a Folha não localizou uma única foto dela nesses eventos.
Um petista graduado de São Paulo conta que ela faz "uma triagem" de currículos de candidatos a cargos de segundo e terceiro escalões.
A discrição começou a ficar comprometida quando Rose apoiou nomeações para diretorias de duas agências reguladoras, tornando-se foco de notas na imprensa.
Em março, o advogado Rubens Carlos Vieira, procurador da Fazenda Nacional e ex-corregedor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), foi indicado por Lula e tomou posse como diretor na área de regulação econômica da Anac.
Seu irmão, Paulo Rodrigues Vieira, também advogado e ex-ouvidor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), foi indicado para uma diretoria da Ana (Agência Nacional de Águas). Ambos contaram com o apoio de Rose.
A nomeação de Paulo foi conturbada. Em dezembro de 2009, o Senado rejeitou, por 26 votos a 5, o nome encaminhado por Lula. Em abril, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recolocou o nome em votação, mesmo após um parecer contrário a um recurso. Num lance incomum no Senado, a nomeação acabou aprovada.
José Cláudio de Noronha, marido de Rose, ocupa um cargo de assessoria especial na administração regional da Infraero em São Paulo.
Em 2006, no escândalo dos gastos com cartões de crédito corporativos, o nome dela estava na lista de 65 servidores que fizeram saques para pagamento de despesas da Presidência. Autorizada por lei, Rose havia sacado R$ 2,1 mil com seu cartão.
O deputado Indio da Costa (DEM-RJ), hoje candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB), e o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) pediram a convocação de Rose para depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar o uso dos cartões corporativos. Os pedidos foram negados pela comissão.
OUTRO LADO
Procurados pela Folha, José Dirceu e os irmãos Vieira e José Cláudio Noronha não quiseram fazer nenhum comentário sobre ela.
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto chegou a informar que o secretário particular de Lula, Gilberto Carvalho, iria responder às perguntas da reportagem, mas ao longo de três semanas nenhuma resposta foi encaminhada. Rose também não quis falar
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