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sexta-feira, novembro 30, 2012

Ciro cogitado para Ciência e Tecnologia

O PMDB e PSB estão em intensas conversações sobre as pastas de Educação e Ciência e Tecnologia.
Com a redução da probabilidade de Gabriel Chalita assumir o MCT, o nome do ex-ministro Ciro Gomes voltou ao balcão de apostas.
O vice-presidente Michel Temer, segundo interlocutores peemedebistas, se sentiria prestigiado se Chalita fosse para o MEC.
Para o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a reconquista do MTC resolveria uma inadiável questão interna: acomodaria Ciro, que não quer mais voltar ao Congresso.
Na dança de cadeiras na Esplanada, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, é cotado para ocupar um posto no Palácio do Planalto, provavelmente na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), no lugar de Ideli Salvatti, que voltaria a Santa Catarina para reorganizar suas bases.

Coluna Poder Online
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2012/11/29/ciro-cogitado-para-ciencia-e-tecnologia/

Ministério de Ciência e Tecnologia aos trancos, artigo de Rogério de Cerqueira Leite

JC e-mail 4633, de 29 de Novembro de 2012.
5. Ministério de Ciência e Tecnologia aos trancos, artigo de Rogério de Cerqueira Leite
Rogério Cezar de Cerqueira Leite é físico, professor emérito da Unicamp, pesquisador emérito do CNPq e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje (29).
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) foi criado no início da administração Sarney. Aparentemente, mais por uma conveniência política do que por convicção quanto ao amadurecimento da pesquisa nacional. O ministério não estava nos planos de Tancredo Neves. Mas havia mais candidatos a ministro que ministérios...
Penitencio-me hoje por ter criticado a decisão do presidente Sarney. Quem assumiu o MCT foi Renato Archer, político hábil que percebia a importância da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do País. Em seguida, o MCT foi extinto por Collor de Melo. Foi criada uma secretaria. Diminui-se, assim, o "status" da ciência e da tecnologia para o País. Assumiu José Goldemberg, um profissional do ramo, com vasta experiência. "Meno male".
Após ser eleito, Fernando Henrique restabelece o MCT, mas o entrega inicialmente às mãos de uma sucessão de políticos. O MCT se torna moeda de troca, prêmio de compensação para politiqueiros ávidos de cargos e benesses. Reeleito, FHC entrega o MCT ao seu amigo e cientista José Israel Vargas. Parecia que tudo ia bem. O percentual do PIB atribuído ao orçamento do MCT crescia espantosamente - até que se percebeu que não passava de maquiagem para conceder isenções fiscais às montadoras multinacionais do setor automobilístico. O bode expiatório foi o amigo Vargas.
Assume Bresser-Pereira, economista de reconhecida imaginação. Deixou um importante legado, tal seja o conceito e consequente legislação das organizações sociais. Infelizmente, não teve fôlego para resistir ao jogo político de Brasília. O grande legado de FHC para a ciência brasileira foi ter, em seu segundo mandato, escolhido acadêmicos para o MCT, embora não lhes desse grande suporte.
A administração Lula concede ao PSB, no tabuleiro da distribuição de ministérios, o MCT. O escolhido é um político profissional, Roberto Amaral, que, sofredor de incorrigível logorreia, choca-se com a comunidade acadêmica e é substituído por outro político, Eduardo Campos.
Esse, porém, hábil e diligente, serviu antes para abalar a tese de que políticos não são adequados para o cargo de ministro de Ciência e Tecnologia. Todavia, sua saída possibilitou a ascensão de um cientista capaz e politicamente sagaz que, por pouco, deixou de consolidar o preceito de que um ministério técnico como o MCT deveria ser dirigido por um profissional do ramo.
Escolhido no início da presente administração para o MCT, Aloizio Mercadante, um político tradicional, porém com alguma experiência acadêmica, teve um inesperado sucesso, devido, possivelmente, ao seu profissionalismo e à incontestável influência na administração da presidente Dilma Rousseff. Ao ser "promovido" para o Ministério da Educação, Mercadante foi substituído, recentemente, por um competente administrador do setor de ciência e tecnologia, Marco Antonio Raupp.
Apesar da alternância entre períodos de progressão e de regressão, parece que cresce a convicção, em Brasília e no resto do País, de que ciência e tecnologia é melhor dirigida por profissionais do setor. O Brasil já merece um Ministério de Ciência e Tecnologia que não seja mera plataforma eleiçoeira em mãos de políticos gulosos.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Surto de mormo no Ceará atinge criação de equinos


Portaria deve proibir eventos equestres na Região Metropolitana de Fortaleza, onde há mais casos da doença

Iguatu O Ceará enfrenta um surto de mormo, uma zoonose, que atinge equídeos (cavalo, burro e jumento) e o homem. Inicialmente, foram confirmados dez casos na Região Metropolitana de Fortaleza, nas cidades de Aquiraz, Caucaia e Horizonte. Onze propriedades estão interditadas. A Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) é a responsável pela coleta de exames, interdição de propriedades e a eliminação dos animais contaminados. O quadro atual traz preocupação para produtores rurais e para a Adagri.

Agentes da Adagri já vêm realizando o controle de doenças em cavalos. Em 2010, identificou casos de Anemia Infecciosa Equina no Sertão Central FOTO: ALEX PIMENTEL

Hoje ou amanhã deve ser publicada uma portaria da agência que suspende por um período de 60 dias a realização de eventos equestres (vaquejadas, prova de baliza, tambor e cavalgadas) na Região Metropolitana de Fortaleza. A proibição foi validada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

De acordo com o presidente da Adagri, Augusto Júnior, o mormo é uma doença grave e o quadro atual é preocupante. "Estamos com 72 médicos veterinários e uma equipe de fiscais em campo em uma ação efetiva para agirmos com rapidez, interditando propriedades, coletando amostras de sangue para exames e realizando o combate ao foco e às áreas vizinhas", explicou. "Já houve eutanásia (sacrifício) de dez animais".

Até hoje, 150 amostras foram enviadas para o Laboratório Lanagro, em Recife, unidade oficial do Mapa. Dez tiveram resultados confirmados como positivo. São quatro focos confirmados, sendo dois em Caucaia, um em Aquiraz e outro em Horizonte. Como o Ceará passou a ser uma área endêmica, há exigência de que no prazo de 60 dias, novos exames sejam feitos.

Há vários anos que o Ceará não registrava caso de mormo, que é uma doença que remonta ao século XIX e chegou ao Brasil por meio de animais vindos da Europa. Em meados da década de 1980 ressurgiu no Nordeste brasileiro, atingindo animais de trabalho, na Zona da Mata, em Pernambuco. Embora sejam mais resistentes fisicamente, burros e jumentos são mais susceptíveis à doença.

Controle do foco

Em outubro passado, a Adagri passou a ser responsável pelo Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE). Antes, o serviço era realizado pela Superintendência Federal da Agricultura do Mapa, em Fortaleza. As ações da Adagri no combate à doença incluem saneamento do foco, de uma área de raio de 3km da propriedade com animal contaminado, coleta de sangue dos animais circunvizinhos, interdição de propriedades por um prazo de 45 dias e eutanásia dos animais contaminados. Após esse período, é feito novo exame nos animais suspeitos.

Hoje, será realizada às 10 horas, na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece) uma reunião com representantes da Adagri e veterinários para discutir o modo de eutanásia dos animais contaminados. A Adagri optou por uso do rifle sanitário, com tiro a curta distância na testa do animal, mas há quem defenda a utilização de injeção letal. "Nos dois casos não há dor e sofrimento do animal e queremos reduzir o risco de contaminação do técnico", justificou Augusto Júnior.

O mormo e a Anemia Infeciosa Equínea (AIE) são doenças de notificação obrigatória e uma portaria do Mapa determina que os laboratórios devem informar em prazo de 12 horas o resultado do exame para a Adagri e somente em 48 horas ao proprietário. Anteriormente, o resultado demorava até 60 dias para ser informado às autoridades, facilitando a fuga de animais contaminados, em particular no caso da AIE. "Hoje é de imediato", ressalta Augusto Júnior. São realizados dois exames: de coleta de sangue para sorologia e da pálpebra (maleina) com colocação de reagente no olho. O teste é considerado conclusivo para o Mapa.

O trânsito dos equídeos deve ser acompanhado da Guia de Trânsito Animal (GTA) emitida pela Adagri. Até ontem, a agência não tinha informações de casos em outras regiões do Estado. "Os casos verificados estão restritos à Região Metropolitana de Fortaleza", disse Augusto.

A identificação do mormo no Ceará ocorreu graças ao empenho da equipe do PNSE. "Estamos trabalhando intensamente e precisamos do apoio dos proprietários dos animais para manter a saúde dos equídeos e de toda a população", afirma Leonardo Burlini Soares, médico veterinário e um dos coordenadores do programa no Ceará.

Com relação à AIE, Augusto Júnior informou que há no Ceará 1.308 animais contaminados que precisam ser sacrificados. "É um passivo desde 2007", disse. "A demanda está elevada e há dificuldade de localizar esses animais que, às vezes, foram transferidos para outras áreas". A suspeita é de que muitos produtores tentam evitar o sacrifício de animais contaminados com a AIE, pois durante algum tempo a doença não apresenta sintomas. Entretanto há o risco de contaminação de outros animais por meio de mosquito, uso compartilhado de arreios, esporas e ainda de monta.

"Os fiscais estão em campo para verificar hoje o que existe desse passivo acumulado nos últimos cinco anos", explicou Augusto Júnior. No caso da AIE, ocorre a interdição da propriedade que registrar foco, mas não há necessidade de bloqueio de unidades criadoras vizinhas.

Soares faz referência à dificuldade dos fiscais agropecuários de trabalhar nas vaquejadas, já que nem todos colaboram com a fiscalização. "Sem os exames e a GTA não há como saber se o animal está sadio", frisou. Um estudo epidemiológico está em curso para identificar a origem do mormo no Ceará e as vaquejadas podem ser a porta de entrada para a doença no Estado, pois esse tipo de evento atrai animais de outros Estados.

FIQUE POR DENTRO

Infecção ocorre por meio de uma bactéria

O mormo, também conhecido como lamparão, é uma doença infecto-contagiosa que acomete equídeos e tem como agente etiológico a bactéria Burkholderia mallei. É uma zoonose e pode ser contraída pelo homem.

Na década 1960, foi considerada extinta no Brasil. No entanto, estudos sorológicos realizados em 1999 e 2000 detectaram a presença da doença em alguns estados do Nordeste brasileiro.

A infecção por esta bactéria se da através do contato com fluídos corporais dos animais doentes, como: pus, urina, secreção nasal e fezes. Este agente pode penetrar no organismo pela via digestiva, respiratória, genital ou cutânea (através de alguma lesão), alcançando a circulação sanguínea, indo alojar-se em alguns órgãos, em especial, nos pulmões e fígado. Esta bactéria possui um período de incubação de aproximadamente 4 dias. A doença pode apresentar-se na forma aguda ou crônica.

Mais informações:

Adagri Ceará, Avenida Bezerra de Menezes, 1820, (85) 3101. 2500

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER 
 

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