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sexta-feira, outubro 14, 2005

Ronaldo Caiado critica o governo e diz que será preciso vacinar o povo com vacina anti-Lula

Durante todo este ano, o Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, deputado Ronaldo Caiado (PFL/GO), esteve, inúmeras vezes, à frente da principal reivindicação da agropecuária nacional: a liberação de recursos para o Ministério da Agricultura. Em diversas oportunidades, dentro e fora do Congresso, Caiado destacou, em consonância com o presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Senador Sérgio Guerra (PSDB/PE), a necessidade de atender às demandas do setor para que fossem mantidos os mesmos patamares de crescimento e desenvolvimento alcançados nos últimos anos.
Entretanto, os esforços foram em vão. Os pedidos esbarravam sempre na postura negativa da área econômica do governo, relegando a agropecuária a um segundo plano, entre as prioridades do Planalto.
Na entrevista, Caiado faz um desabafo. Critica a postura do presidente Lula em fugir das suas responsabilidades e jogá-la nas costas dos pecuaristas pelo aparecimento do foco de aftosa no Mato Grosso do Sul. Ele alerta que será preciso mudar de governo para que haja a recuperação da agricultura e da pecuária nacionais.

Deputado, do seu ponto de vista, onde o governo errou?
Desde que iniciou o governo Lula, nós sentimos um grande preconceito contra o setor primário. Contra a agricultura, não vamos comentar. Mas contra a pecuária, o grande erro foi o corte do orçamento do Ministério da Agricultura em 80%, colocando o Ministro Roberto Rodrigues numa situação bastante delicada.
Todos nós já havíamos avisado da falta de contratação de técnicos e veterinários; do contingenciamento do orçamento do Ministério; das limitações dos convênios com os estados, para os quais não foram repassadas as verbas necessárias e também da falta de laboratórios do Ministério. Tudo isso contribuiu para esse “desastre anunciado” que foi o aparecimento de foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul.

Que ações devem ser feitas para minimizar os prejuízos causados pelo aparecimento desse foco de febre aftosa?
A posição que nós já levamos aos ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e da Fazenda, Antônio Palocci, e do Planejamento, Paulo Bernardo, indicam ações emergenciais como a implementação de barreiras sanitárias na fronteira com o Paraguai e num raio de 100 quilômetros ao redor do foco; a convocação do Exército brasileiro para garantir total isolamento da área; a liberação de R$78 milhões que ainda estão bloqueados para a defesa sanitária e para os convênios com os estados; a abertura de linhas de crédito para o atendimento dos pecuaristas prejudicados com a perda de seus animais e para aqueles que não podem comercializar seu gado por estarem na área de isolamento da região. Mas, acima de tudo, é preciso que o governo dê uma explicação bastante consistente à população brasileira e aos países importadores.

Para o senhor, quem é o principal responsável pelo surgimento do foco?
Toda a mídia já tem noticiado, a população já está sabendo que o contingenciamento de 80% da verba do Ministério da Agricultura afetou diretamente a defesa sanitária agropecuária. Essa foi uma medida burra! O presidente Lula, como sempre, adotou uma postura típica de aluno da “escolinha Hugo Chaves”. Além de não assumir seus erros, ele (o Presidente Lula) tenta se desculpar, livrar a cara do governo jogando toda a responsabilidade sobre os outros. É uma atitude irresponsável, demagógica e inaceitável para o primeiro mandatário da nação, que não assume as suas responsabilidades.
O pecuarista de Mato Grosso do Sul já comprovou com nota fiscal e atestado de veterinários que cumpriu a vacinação no período determinado pelas campanhas. Essa contaminação não foi sua responsabilidade. Por sua vez, o Presidente Lula deveria saber que Defesa Sanitária Agropecuária é obrigação do governo federal, que neste caso, não fez a lição de casa. A conseqüência disso é a destruição de um dos maiores patrimônios do Brasil, que foi construído graças ao esforço, a competência e a garra do produtor rural brasileiro.

Que futuro o senhor pode imaginar para o setor rural?
Só teremos um futuro melhor, se conseguirmos vacinar toda a população brasileira com a vacina anti-Lula, antes das eleições de 2006.

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