Pioneiro em São Paulo, empreendimento inicia operações com mais de 340 proprietários rurais, divididos em 11 grupos
Entra em operação a partir de amanhã a primeira incubadora de agronegócios do estado de São Paulo. Localizado em Jaborandi, na região de Barretos, o empreendimento inicia suas atividades com mais de 340 pequenos proprietários rurais, separados em onze grupos de produção. A abertura dessa unidade é um marco para o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresa de São Paulo (Sebrae-SP), instituição dá suporte financeiro e nas áreas de gestão e capacitação. Além de ser a pioneira na área agroindustrial, a nova incubadora é qüinquagésima apoiada pela entidade no Estado de São Paulo.
Nova etapa
Para o superintendente do Sebrae-SP, José Luiz Ricca, a instalação de um empreendimento do setor de agronegócio sinaliza o começo de uma nova etapa no movimento de incubação em São Paulo "As incubadoras nasceram ligadas às universidades, na área tecnológica; depois surgiram as unidades mistas e tradicionais e mais recentemente às de cooperativas e agronegócios", comenta, ao acrescentar que já existem experiências na área agrícola em outros países e em alguns estados brasileiros. Em São Paulo, entretanto, o empreendimento de agronegócio surgiu somente sete anos depois que o Sebrae-SP intensificou seu programa de criação de incubadoras.
O executivo afirma que a demora em inaugurar uma unidade agroindustrial está relacionada ao modelo do empreendimento, que é diversificado das incubadora tradicionais. Uma das diferenças é a ausência física do incubado. "Não há boxes, o que significa que o projeto é desenvolvido no local, mas a execução é descentralizada", explica o superintendente.
Outro ponto, diz Ricca, está atrelado à cultura de associação, pouco desenvolvida entre os pequenos produtores. "O conceito de associação é mais difundido entre os médios e grandes agricultores, temos que criar essa cultura entre os menores", comenta o superintendente.
Cooperativas e associações
No caso da incubadora de Jaborandi, foram identificados e criados onze grupos de proprietários rurais, organizados em cooperativas ou associações. "Desta forma, os pequenos proprietários rurais terão escala de produção", afirma o gerente regional do Sebrae de Barretos, Luiz Andia Filho. Até agora, 347 agricultores participarão dos projetos, que envolvem produtos orgânicos, frutas, avicultura, suinocultura, entre outras atividades. A capacidade do empreendimento, no en-tanto, é de 700 agricultores.
Segundo o gerente, a intenção da incubadora é incentivar a pesquisa, capacitar e auxiliar os pequenos produtores de 30 municípios da região, atuando como alternativa às culturas tradicionais das localidades, como a cana-de-açucar e laranja, cultivados por grandes proprietários. Na cidade de Jaborandi, por exemplo, 90% da atividade agrícola está relacionada com a cana.
Aliás, uma das apostas da incubadora é no setor de produtos orgânicos. "É um mercado promissor, uma nova visão da agricultura, que prioriza o meio-ambiente", diz o superintendente do Sebrae-SP. Luiz Andia concorda com Ricca e complementa que a proposta para esse segmento é ainda mais audaciosa. " A idéia é a partir do 25° mês de incubação os produtores de orgânicos passem a vender também no mercado externo", diz o gerente. Para isso, o grupo necessita de uma certificação, processo que já iniciado nesta semana.
Fonte: Gazeta Mercantil
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quinta-feira, abril 15, 2004
Livro sobre transgênicos denuncia mentiras da indústria
A campanha de desinformação em torno da questão dos organismos geneticamente modificados e a lógica do lucro que subordina a pesquisa científica a interesses comerciais imediatos estão ocultando de boa parte da opinião pública mundial o fato de que os produtos contendo transgênicos não são seguros para a saúde humana, defendeu nesta segunda-feira (12), em Porto Alegre, o ex-executivo e pesquisador norte-americano Jeffrey Smith. Autor do livro "Seeds of Deception - Exposing Industry and Government Lies About the Safety of the Genetically Engineered Fodds You´re Eating" ("Sementes do Engodo - As mentiras da indústria e do governo sobre a segurança dos alimentos transgênicos que você está comendo"), lançado em setembro de 2003 nos Estados Unidos.
Nesta obra, Smith sustenta que os efeitos colaterais produzidos pelos transgênicos são imprevisíveis, já havendo uma série de pesquisas apontando o surgimento de alergias, alterações no sistema imunológico e outras doenças, em razão do consumo desses produtos. Segundo o autor, o livro será traduzido para o português e lançado em breve no Brasil.
Smith está no Brasil a convite de organizações não-governamentais que lutam contra a liberação do plantio e da comercialização de produtos transgênicos, e veio ao Rio Grande do Sul por iniciativa da Secretaria Agrária do PT gaúcho para divulgar as principais conclusões de sua obra. Ele conhece a indústria de biotecnologia por dentro. Fundador do Instituto pela Tecnologia Responsável e mestre em administração de negócios, trabalhou durante dois anos como vice-presidente de marketing na empresa Genetic ID, um laboratório que detecta presença de transgênicos nos alimentos. Durante seis anos, Smith pesquisou as relações das grandes empresas de biotecnologia com o governo norte-americano e a Food & Drug Administration (FDA, agência governamental dos EUA responsável pela liberação de produtos alimentícios e farmacêuticos para consumo).
Resultado desse trabalho, seu livro denuncia uma rede de casos de suborno, pressões, ameaças e demissões de funcionários públicos e cientistas, em função da pressão dessas empresas para a liberação de seus produtos. Segundo ele, os alimentos geneticamente modificados só estão sendo vendidos no mercado em virtude da pressão exercida pela indústria junto a orgãos governamentais, à comunidade científica e à mídia. Smith tem participado ativamente de discussões sobre o impacto dos organismos geneticamente modificados e propôs ao Congresso dos Estados Unidos medidas para proteger principalmente as crianças dos riscos do consumo de alimentos transgênicos. Também defendeu a criação de uma legislação especial para proteger os agricultores dos riscos da contaminação por polinização cruzada envolvendo transgênicos.
Problemas para a saúde humana
Smith apresentou em Porto Alegre alguns dos casos relatados em seu livro que, segundo ele, comprovam a existência de riscos para a saúde humana em função do consumo de transgênicos. A população está correndo um grande perigo, alertou, pelo fato de ter havido poucos testes confiáveis (de longo prazo) sobre os efeitos do consumo de alimentos contendo organismos geneticamente modificados. A situação mais comum hoje, garantiu Smith, é a indústria adultere os testes de segurança para evitar a identificação de problemas e uma conseqüente proibição de comercialização.
O autor citou um caso ocorrido nos EUA, na década de 1980, quando, segundo ele, cerca de 100 pessoas morreram e 5 a 10 mil ficaram doentes ao consumirem um suplemento alimentar que continha o aminoácido essencial L-triptófano, modificado geneticamente. Esse suplemento, denunciou Smith em seu livro, continha elementos contaminantes minúsculos, mas, mortais. "Se a doença causada por ele não tivesse características como surgimento rápido, crise aguda e efeitos raros, o suplemento talvez nunca tivesse sido detectado como a causa", afirmou. A indústria e o governo dos EUA, garantiu Smith, encobriram os fatos e não responsabilizaram ninguém pelo ocorrido.
Crise de informação
Para Smith, há uma séria crise de informação envolvendo o tema dos alimentos geneticamente modificados. "A maioria da população não está bem informada sobre o que está consumindo, em função de uma brutal pressão exercida pela indústria biotecnológica na mídia e na definição de políticas governamentais", acusou. Ainda segundo ele, as empresas de biotecnologia investem cerca de 50 milhões de dólares por ano em propaganda somente para convencer a população sobre as supostas vantagens dos alimentos geneticamente modificados. O bloqueio de informações, declarou, também afeta a grande imprensa norte-americana não faz uma cobertura mais profunda sobre o assunto. Em seu livro, Smith afirma que funcionários importantes do governo Clinton e do governo Bush mantiveram ou mantém relações estreitas com as empresas de biotecnologia.
Entre os exemplos, citou o caso de Michael Taylor, que era advogado da Monsanto e depois se tornou diretor da FDA, em 1992, quando modificou as regras para a aprovação da comercialização de transgênicos. Ao sair da FDA, Taylor voltou para a Monsanto, onde assumiu o cargo de vice-presidente. Em 2001, disse ainda Smith, as empresas do setor de biotecnologia investiram cerca de 150 milhões de dólares em lobby junto ao governo dos EUA. A Monsanto, segundo ele, é conhecida nos EUA pelo modo como manipula dados de pesquisas científicas, já tendo sido condenada por invasão de propriedade, negligência, supressão da verdade e ultraje.
Prejuízos econômicos
Smith também falou sobre os prejuízos econômicos enfrentados pelos agricultores dos EUA em função do cultivo de transgênicos. Segundo ele, os EUA têm perdido crescentemente participação no mercado mundial de soja, depois do avanço das plantações com transgênicos. Essa participação caiu de 57% para 46% nos últimos anos, apontou. E uma das razões para explicar essa queda, argumentou, é a crescente recusa de pecuaristas europeus em comprar soja transgênica para alimentar o gado, situação que se agravou após a crise do Mal da Vaca Louca que afetou a Europa. Citando estudos de universidades norte-americanas, Smith estima que as perdas dos produtores de soja dos EUA já chegam a US$ 12 bilhões, com uma perda de produtividade em torno de 6%.
Em função desses números, Smith manifestou surpresa com o fato do Rio Grande do Sul estar plantando soja transgênica, no momento em que a maior parte do mercado mundial rejeita esse produto. Ele lembrou também um recente laudo do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos que alerta para o fato de que a contaminação das plantações tradicionais por transgênicos é ilimitada e não existe forma segura de evitá-la. O Brasil é hoje foco de atenção mundial, garantiu, pois o país está em condições de ganhar grandes espaços nos mercados europeu e asiático com produtos convencionais. "O Brasil é o país que tem melhores condições de conquistar o espaço que os EUA estão perdendo e seria um grande erro se, justamente neste momento, abrisse as portas para os transgênicos", concluiu.
Fonte: Agência Carta Maior
Nesta obra, Smith sustenta que os efeitos colaterais produzidos pelos transgênicos são imprevisíveis, já havendo uma série de pesquisas apontando o surgimento de alergias, alterações no sistema imunológico e outras doenças, em razão do consumo desses produtos. Segundo o autor, o livro será traduzido para o português e lançado em breve no Brasil.
Smith está no Brasil a convite de organizações não-governamentais que lutam contra a liberação do plantio e da comercialização de produtos transgênicos, e veio ao Rio Grande do Sul por iniciativa da Secretaria Agrária do PT gaúcho para divulgar as principais conclusões de sua obra. Ele conhece a indústria de biotecnologia por dentro. Fundador do Instituto pela Tecnologia Responsável e mestre em administração de negócios, trabalhou durante dois anos como vice-presidente de marketing na empresa Genetic ID, um laboratório que detecta presença de transgênicos nos alimentos. Durante seis anos, Smith pesquisou as relações das grandes empresas de biotecnologia com o governo norte-americano e a Food & Drug Administration (FDA, agência governamental dos EUA responsável pela liberação de produtos alimentícios e farmacêuticos para consumo).
Resultado desse trabalho, seu livro denuncia uma rede de casos de suborno, pressões, ameaças e demissões de funcionários públicos e cientistas, em função da pressão dessas empresas para a liberação de seus produtos. Segundo ele, os alimentos geneticamente modificados só estão sendo vendidos no mercado em virtude da pressão exercida pela indústria junto a orgãos governamentais, à comunidade científica e à mídia. Smith tem participado ativamente de discussões sobre o impacto dos organismos geneticamente modificados e propôs ao Congresso dos Estados Unidos medidas para proteger principalmente as crianças dos riscos do consumo de alimentos transgênicos. Também defendeu a criação de uma legislação especial para proteger os agricultores dos riscos da contaminação por polinização cruzada envolvendo transgênicos.
Problemas para a saúde humana
Smith apresentou em Porto Alegre alguns dos casos relatados em seu livro que, segundo ele, comprovam a existência de riscos para a saúde humana em função do consumo de transgênicos. A população está correndo um grande perigo, alertou, pelo fato de ter havido poucos testes confiáveis (de longo prazo) sobre os efeitos do consumo de alimentos contendo organismos geneticamente modificados. A situação mais comum hoje, garantiu Smith, é a indústria adultere os testes de segurança para evitar a identificação de problemas e uma conseqüente proibição de comercialização.
O autor citou um caso ocorrido nos EUA, na década de 1980, quando, segundo ele, cerca de 100 pessoas morreram e 5 a 10 mil ficaram doentes ao consumirem um suplemento alimentar que continha o aminoácido essencial L-triptófano, modificado geneticamente. Esse suplemento, denunciou Smith em seu livro, continha elementos contaminantes minúsculos, mas, mortais. "Se a doença causada por ele não tivesse características como surgimento rápido, crise aguda e efeitos raros, o suplemento talvez nunca tivesse sido detectado como a causa", afirmou. A indústria e o governo dos EUA, garantiu Smith, encobriram os fatos e não responsabilizaram ninguém pelo ocorrido.
Crise de informação
Para Smith, há uma séria crise de informação envolvendo o tema dos alimentos geneticamente modificados. "A maioria da população não está bem informada sobre o que está consumindo, em função de uma brutal pressão exercida pela indústria biotecnológica na mídia e na definição de políticas governamentais", acusou. Ainda segundo ele, as empresas de biotecnologia investem cerca de 50 milhões de dólares por ano em propaganda somente para convencer a população sobre as supostas vantagens dos alimentos geneticamente modificados. O bloqueio de informações, declarou, também afeta a grande imprensa norte-americana não faz uma cobertura mais profunda sobre o assunto. Em seu livro, Smith afirma que funcionários importantes do governo Clinton e do governo Bush mantiveram ou mantém relações estreitas com as empresas de biotecnologia.
Entre os exemplos, citou o caso de Michael Taylor, que era advogado da Monsanto e depois se tornou diretor da FDA, em 1992, quando modificou as regras para a aprovação da comercialização de transgênicos. Ao sair da FDA, Taylor voltou para a Monsanto, onde assumiu o cargo de vice-presidente. Em 2001, disse ainda Smith, as empresas do setor de biotecnologia investiram cerca de 150 milhões de dólares em lobby junto ao governo dos EUA. A Monsanto, segundo ele, é conhecida nos EUA pelo modo como manipula dados de pesquisas científicas, já tendo sido condenada por invasão de propriedade, negligência, supressão da verdade e ultraje.
Prejuízos econômicos
Smith também falou sobre os prejuízos econômicos enfrentados pelos agricultores dos EUA em função do cultivo de transgênicos. Segundo ele, os EUA têm perdido crescentemente participação no mercado mundial de soja, depois do avanço das plantações com transgênicos. Essa participação caiu de 57% para 46% nos últimos anos, apontou. E uma das razões para explicar essa queda, argumentou, é a crescente recusa de pecuaristas europeus em comprar soja transgênica para alimentar o gado, situação que se agravou após a crise do Mal da Vaca Louca que afetou a Europa. Citando estudos de universidades norte-americanas, Smith estima que as perdas dos produtores de soja dos EUA já chegam a US$ 12 bilhões, com uma perda de produtividade em torno de 6%.
Em função desses números, Smith manifestou surpresa com o fato do Rio Grande do Sul estar plantando soja transgênica, no momento em que a maior parte do mercado mundial rejeita esse produto. Ele lembrou também um recente laudo do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos que alerta para o fato de que a contaminação das plantações tradicionais por transgênicos é ilimitada e não existe forma segura de evitá-la. O Brasil é hoje foco de atenção mundial, garantiu, pois o país está em condições de ganhar grandes espaços nos mercados europeu e asiático com produtos convencionais. "O Brasil é o país que tem melhores condições de conquistar o espaço que os EUA estão perdendo e seria um grande erro se, justamente neste momento, abrisse as portas para os transgênicos", concluiu.
Fonte: Agência Carta Maior
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