A queda do custo de produção com o cultivo de soja transgênica é ilusória. Estudos apontam que o consumo de herbicidas é 30% maior com o cultivo da soja geneticamente modificada a partir do terceiro ano de plantio, informa o professor Victor Pelaez, mestre e doutor em Economia da UFPR - Universidade Federal do Paraná.
Pelaez participou do curso de capacitação e treinamento em Biossegurança de Organismos Geneticamente Modificados, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. O curso, que aconteceu entre os dias 8 e 12 deste mês, em Curitiba (PR), teve como objetivo a discussão da legislação, as questões políticas, técnicas, comerciais e empresariais do plantio de soja transgênica.
Pelaez fez a projeção de aumento no consumo de insumos com base em trabalhos científicos feitos nos Estados Unidos, onde o plantio está legalizado. Ele apontou o estudo do pesquisador norte-americano Richard Benbroock, feito para o departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, de que naquele país foi constatado o aumento do uso do glifosato sobre a soja geneticamente modificada a partir do terceiro ano de plantio.
O professor, que vem fazendo um acompanhamento econômico do rendimento da soja transgênica há dois anos, disse que essa avaliação está se confirmando nos Estados Unidos. Segundo ele, realmente nos dois primeiros anos há uma redução no uso de herbicidas, mas depois essa situação se inverte por causa da resistência da erva daninha ao uso freqüente do glifosato. Segundo Pelaez, os estudos do norte-americano não são mais conclusivos porque as pesquisas que existem sobre o assunto são feitas no máximo por dois anos.
Para se obter uma avaliação científica dos resultados é necessário um período mínimo de cinco anos. Outra suspeita dos pesquisadores brasileiros é de que a soja brasileira, que teve a produtividade incrementada nos últimos anos graças à tecnologia do Rhizobium (bactéria) desenvolvida pela Embrapa, esteja ameaçada de redução do rendimento no campo. Essa bactéria, que promove o aumento da produtividade, pode ter seus efeitos inibidos com o uso de semente geneticamente modificada.
Para Pelaez, cabe às lideranças governamentais e dos produtores, que têm a visão de médio e longo prazo, a função de alertar os agricultores que estão sendo iludidos com uma falsa informação de redução dos custos.
De acordo com o coordenador do evento, Carlos Alberto Salvador, chefe da fiscalização vegetal da Secretaria do Abastecimento do Paraná, o encontro foi uma ótima oportunidade para os participantes que pertencem a instituições como Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Secretaria da Saúde e universidades possam aprofundar conhecimentos e afinar os procedimentos no campo que estão em missão de fiscalização ou mapeamento do impacto da soja transgênica.
Fonte: Agência Estadual de Notícias - PR
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