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terça-feira, novembro 16, 2004

Bactérias fixadoras de nitrogênio beneficiam cultura de milho

Os agricultores podem se beneficiar duplamente da associação de bactérias diazotróficas na cultura de milho. Ao mesmo tempo que são fixadoras de nitrogênio, essas bactérias são produtoras de hormônios de crescimento, os quais podem tornar as plantas mais eficientes na busca de nutrientes. Apostando nessas potencialidades, a Embrapa Cerrados (Planaltina – DF) investe nas pesquisas de seleção e inoculação dessas bactérias em algumas variedades de milho.
Dentre os nutrientes minerais essenciais às plantas, o nitrogênio é o exigido em maior quantidade e de grande deficiência nos solos brasileiros. Para compensar a ausência de nitrogênio, os agricultores utilizam fertilizantes nitrogenados. A aplicação desses fertilizantes, de acordo com o pesquisador Fábio Bueno dos Reis Júnior, pode aumentar em até 40% os custos de produção na cultura de milho.
Quando se produz o fertilizante nitrogenado, utiliza-se petróleo para obtenção das altas temperaturas e pressão, necessárias para a quebra da tripla ligação que une os dois átomos de nitrogênio atmosférico. O mesmo é feito pelas bactérias, as quais também quebram a tripla ligação, através da ação de uma enzima conhecida como nitrogenase, transformando o nitrogênio atmosférico em amônia, que é assimilável pelas plantas.
Se a associação entre essas bactérias e as plantas for eficiente, o nitrogênio fixado pode suprir quase todas as necessidades do vegetal, dispensando o uso de fertilizantes nitrogenados, com vantagens econômicas e ecológicas. "No milho não vai chegar a autosuficiência como na soja. Devemos ter por volta de 30% de economia", calcula Fábio Bueno.
Para os pequenos agricultores, que não utilizam os fertilizantes nitrogenados, o benefício da fixação biológica de nitrogênio será com o aumento da produtividade. Baseado em dados da literatura, a estimativa do pesquisador da Embrapa Cerrados é de que o ganho de produtividade seja entre 30% a 40%.

Pesquisa
Há um ano a Embrapa Cerrados desenvolve atividades de pesquisa com a finalidade de identificar, em variedades de milho, algumas bactérias diazotróficas eficientes na fixação de nitrogênio e na produção de hormônios de crescimento. Estes estudos são financiados pela Embrapa, através do projeto "Rede de Desenvolvimento de Cultivares e Recursos Genéticos de Milho tolerantes aos estresses, com qualidade de grãos e adaptados às diferentes regiões do país", liderado pela Embrapa Milho e Sorgo e pelo Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica (CNPq).
As etapas da pesquisa são compostas da avaliação de variedades de milho para eficiência no uso de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo; isolamento de bactérias associadas as variedades selecionadas, especialmente dos gêneros Azospirillum e Herbaspirillum; caracterização e seleção dos isolados em laboratório; e testes, em casa de vegetação, para verificar o efeito da inoculação dessas bactérias. Após estas etapas, serão realizados os experimentos no campo.
Além dos campos experimentais da Embrapa, as avaliações das variedades de milho também são feitas em pequenas propriedades rurais, junto aos agricultores. Uma das preocupações dos pesquisadores é de isolar bactérias eficientes que quando forem inoculadas sejam competitivas para ganharem das que já estão no solo.
Alguns países já comercializam inoculantes com essas bactérias, principalmente a do gênero Azospirillum. No México, em mais de 1 milhão de hectares plantados com cereais, principalmente milho, são aplicados inoculantes a base de Azospirillum, promovendo um ganho de produtividade na ordem de 30%. No Brasil ainda não há oferta do produto e são poucos os resultados de pesquisa com experimentos de campo.
Os pesquisadores da Embrapa Cerrados já isolaram 200 bactérias diazotróficas nas variedades de milho cultivadas no cerrado, principalmente dos gêneros Azospirillum e Herbaspirillum. Os primeiros trabalhos obtiveram resultados promissores e novos experimentos serão conduzidos em 2005.
A equipe do projeto é formada pelos pesquisadores Altair Toledo Machado, Cynthia Torres de Toledo Machado e Iêda de Carvalho Mendes, além de Fábio Bueno. A Embrapa Cerrados é uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.



Liliane Castelões
Jornalista- MTb/RJ 16.613
Embrapa Cerrados
BR020, Km 18, Rodovia Brasília/Fortaleza
CEP:73310-970 Planaltina-DF
Telefone: (061) 388-9953

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