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quarta-feira, outubro 06, 2004

Começa a colheita da Cevada

A cevada sob sistema irrigado começou a ser colhida em Goiás, onde estão plantados 1.400 hectares. Na Região Sul, onde estão 99% das lavouras, a colheita de sequeiro está prevista para segunda quinzena de outubro. Os produtores apostam na liquidez de mercado para valorização da cevada como um dos principais cereais de inverno.
Um índice de 8% foi o crescimento da área plantada com cevada no Brasil. Em 2003 foram 136 mil hectares, passando para 147 mil neste ano. Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, o aumento da área pode ser atribuído à política de vincular o preço da cevada ao trigo. "Com a tonelada da cevada já contratada pela indústria, os produtores garantem a venda a R$ 400 a tonelada. Muitos acreditam na vantagem da produção contratada da cevada frente aos demais cereais de inverno que ficam a mercê das oscilações do mercado", avalia o pesquisador.
A cevada no Brasil Central está concentrada em Goiás, com as lavouras conduzidas sob irrigação. A produtividade esperada nesta safra fica em torno de 4.700 quilos por hectare nas cultivares BRS 180 e BRS 195. "A preferência dos produtores, tanto no sequeiro como no irrigado, é pela cultivar BRS 195 por características superiores como ampla adaptação, resistência ao acamamento e doenças, e alta produtividade. Esta cultivar responde por 60% da área plantada no Brasil", afirma Minella.
As lavouras de sequeiro foram plantadas no Rio Grande do Sul (88 mil hectares) e no Paraná (57 mil hectares). As cultivares mais plantadas foram BRS 195, MN 698, Embrapa 127, Embrapa 128 e BRS 225. A produtividade estimada é de 2.300 quilos por hectare. "A Região Sul encontra-se na fase de enchimento de grãos e, nos plantios mais tardios, a fase é de espigamento", afirma Minella, ressaltando que, de modo geral, as condições de desenvolvimento das lavouras são satisfatórias ao produtor.

Prevenção a doenças
O Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC), transmitido pelo pulgão, foi a principal preocupação dos produtores durante a emergência e perfilhamento das plantas. Apesar do ataque, as lavouras conseguiram uma recuperação após o controle do pulgão, não representando danos significativos na maioria das plantações.
No Paraná, o oídio e a ferrugem exigiram pressa dos produtores na aplicação de fungicidas, mas rapidamente estas doenças foram controladas. Entretanto, o pesquisador Euclydes Minella alerta que as condições climáticas do momento, com calor e umidade constantes, podem favorecer o desenvolvimento da mancha marrom. A recomendação é proteger as espigas com fungicidas em caráter preventivo: "É importante aplicar o fungicida quando aparece a espiga, mesmo que não existam sinais de doença, porque o tratamento curativo é pouco eficiente depois que a doença se instala", ressalta Minella, lembrando que nas lavouras de BRS 195 o tratamento preventivo é indispensável, já que a cultivar tem como característica plantas anãs e o porte baixo as torna mais vulneráveis a moléstias. "A segunda aplicação do fungicida deve acontecer de 10 a 15 dias após o tratamento inicial no surgimento da espiga. Com esses cuidados básicos, com certeza termos novamente uma safra de excelente qualidade cervejeira", conclui Minella.


Joseani M. Antunes
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