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quarta-feira, setembro 29, 2004

EMBARGO RUSSO À CARNE BOVINA: PREJUÍZO DE US$ 1 MILHÃO POR DIA

A decisão da Rússia de embargar a compra de carne bovina brasileira pode gerar perdas de US$ 1 milhão por dia para o País. O cálculo leva em consideração o total de exportações do setor realizadas em agosto, que somaram US$ 243 milhões; sendo que o mercado russo foi o principal comprador, com US$ 33 milhões. “Esperamos que o impasse seja resolvido o mais rapidamente possível, pois do ponto de vista sanitário não há justificativa para a adoção da medida”, diz o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.
Em agosto, a Rússia foi o principal destino das exportações de carne bovina, superando Chile e Países Baixos, que antes ocupavam as primeiras posições no ranking dos maiores importadores nesse segmento. O representante da CNA ressalta que o foco de febre aftosa registrado no Estado do Amazonas, que é o motivo alegado pela Rússia para suspender importações de carne bovina de todo o Brasil, fica em região isolada, sem representar risco de contágio para o rebanho localizado em regiões livres da doença e que fornece carne para as exportações. Em agosto de 2003, as exportações de carne bovina somaram 93 mil toneladas, com faturamento de US$ 109 milhões.
Apesar dos problemas gerados pelo embargo russo à carne bovina brasileira, Nogueira estima que as exportações totais do setor em 2004 deverão ultrapassar a marca de 1,6 milhão de toneladas (no conceito “equivalente-carcaça”), com faturamento de US$ 2 bilhões. No ano passado, as exportações de carne bovina somaram 1,3 milhão de toneladas e faturamento de US$ 1,5 bilhão. Entre janeiro e agosto deste ano, o faturamento das exportações do setor já ultrapassou o total obtido em todo o ano passado, com resultado de US$ 1,556 bilhão, 78% a mais que os US$ 875 milhões registrados em igual período de 2003. Em volume, as exportações de carne bovina somaram 1,147 milhões de toneladas entre janeiro e agosto deste ano, frente 819 mil toneladas, nos oito primeiros meses do ano passado.
“Já ultrapassamos o total de faturamento do ano passado, embora sem ainda atingir o volume remetido em 2003. Isso ocorre porque os preços médios da tonelada exportada, em dólares, são superiores em 25% em relação ao ano passado.”, explica Antenor Nogueira. Em agosto deste ano, por exemplo, o preço médio pago pela carne bovina brasileira in natura foi de US$ 2.081 por tonelada, cerca de 10% a mais que o preço médio de US$ 1.891 por tonelada, em agosto do ano passado. O Brasil está exportando maiores volumes de cortes nobres, mais valorizados, o que gera maiores receitas.
Na avaliação de Nogueira, a restrição da Rússia não deverá provocar queda nos preços da arroba do boi gordo no mercado interno, tendo em vista que o governo russo autorizou o embarque das compras efetuadas antes do embargo. Isso dará um fôlego aos exportadores. Mas é necessário que haja uma solução o mais rapidamente possível, para evitar o acúmulo de estoques de carne bovina nos portos. Pesquisa da CNA e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) mostra que entre janeiro e agosto os Custos Operacionais Totais (COT) da pecuária de corte subiram 7,37%, enquanto que o preço pago pela arroba do boi aumentou apenas 1,2%. Somente o sal mineral, insumo que representa 15% dos custos de produção, subiu 10% de janeiro a agosto. O setor também começa a ser atingido pelo aumento geral dos preços de rações e suplementos minerais, insumos que não foram beneficiados com isenção de PIS e Cofins quando da edição da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004. Na pecuária de corte, a taxação em 9,25% de PIS e Cofins no sal mineral eleva em 1,3% os custos de produção do setor, o que representa um aumento de despesas para os produtores na ordem de R$ 350 milhões por ano.

Departamento de Comunicação da CNA
(61) 424-1419
www.cna.org.br

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