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sexta-feira, julho 02, 2004

Etiópia acusa brasileiro por estudar café descafeinado

A descoberta de um cientista brasileiro de uma variedade de café naturalmente descafeinado na Etiópia deixou-o em maus lençóis com as autoridades do país africano, que o acusaram ontem de ter retirado do país mudas da planta sem autorização.
A descoberta, que pode virar sucesso entre os amantes do café que apreciam o gosto da bebida mas não do efeito estimulante da cafeína, foi revelada na semana passada por Paulo Mazzafera, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), por meio de artigo publicado na revista científica "Nature".
A variedade descafeinada da planta ainda não foi produzida comercialmente e o cientista não dispõe de dados para afirmar se é ou não produtiva. Mas, segundo informou, se for comercialmente viável, o café naturalmente descafeinado pode chegar aos mercados dentro de cinco ou seis anos.

Atitude arrogante
"Apesar de celebrarmos a descoberta de um café livre de cafeína na Etiópia, não aceitamos a arrogância do cientista, que divulgou esse fato para o mundo sem o conhecimento prévio das autoridades etíopes. Essa é uma atitude antiprofissional e injusta", afirmou Hailue Gebre Hiwot, da Associação de Exportadores de Café da Etiópia (Ecea).
"O domínio da planta é da Etiópia. O cientista deveria ter informado às autoridades etíopes antes de fazer tal anúncio, como se a planta pertencesse ao Brasil", acrescentou o diretor da Ecea.
Hailue também exige que o cientista apresente suas explicações sobre em que condições havia conseguido levar 6 mil mudas da planta para o Brasil, coletadas nas florestas etíopes nos anos 80. "Queremos saber quem autorizou o cientista a levar 6 mil espécimes de uma planta tão rara da Etiópia e sob quais condições isso aconteceu", afirmou Hailu.
"A menos que esses documentos sejam apresentados, poder-se-ia considerar a questão uma fraude e o cientista pode ser acusado por retirar ilegalmente propriedade etíope", ele acrescentou.
O café descafeinado responde por cerca de 10 por cento do consumo mundial do produto, mas parte do sabor da bebida é sacrificada quando ocorre a retirada da cafeína. O café, cultivado em todo o mundo, surgiu das florestas de altitude do sudoeste da Etiópia, em uma região conhecida como Kaffa. O país é o maior produtor de café da África, com uma safra de 250 mil a 300 mil toneladas por ano.

Fonte: Gazeta Mercantil

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