* Marcos Sampaio Baruselli
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as pastagens superam a marca dos 180 milhões de hectares, correspondendo a cerca de 20 % do território nacional. Somente nos cerrados brasileiros, área de maior concentração de bovinos do País, os pastos respondem por cerca de 80 milhões de hectares, com predomínio das gramíneas do gênero brachiaria, que sozinhas representam mais de 80% dos pastos cultivados implantados nos cerrados.
Além de ter a maior área de pastagens e o maior rebanho comercial de bovinos de corte do planeta, o Brasil ainda dispõe de área agriculturável virgem equivalente a 90 milhões de hectares. Nesse cenário, o manejo das pastagens assume importância vital para a maior disponibilidade de forragem e, conseqüentemente, aumento da produção animal por unidade de área.
Manejar corretamente as pastagens é, sem dúvida nenhuma, o maior desafio a ser enfrentado pelo produtor. O que torna o manejo de pasto um assunto extremamente complexo são os diferentes fatores que interferem diretamente na qualidade das pastagens. Como exemplo podemos citar o tipo de solo, o clima da região, a época do ano, as características genéticas da planta, a taxa de lotação, o uso de insumos, como fertilizante e calcário, e a estratégia de manejo de pastagem adotada na fazenda.
É sabido que devido ao manejo incorreto dos solos e das pastagens ao longo dos últimos anos, hoje nos cerrados brasileiros tem-se cerca de 80% das pastagens cultivadas com algum grau de degradação (Embrapa, CNPGC, 1996).
Os solos tropicais, por natureza, apresentam sérias limitações químicas e grande facilidade de perdas de nutrientes por lixiviação. As principais limitações químicas incluem deficiências de matéria orgânica e de elementos minerais, com destaque para fósforo, sódio, zinco e cobre, tornando a suplementação mineral uma prática de manejo obrigatória para a manutenção da saúde e do desempenho animal.
A produção animal em pastagens tropicais já não pode ser mais meramente uma colheita aleatória de produtos animais. Há a necessidade urgente de torná-la atividade profissional resultante do planejamento e controle da produção e utilização de forragem e dos suplementos alimentares pelos animais (Lupinacci, 2002).
A produtividade animal nos trópicos baseada no uso de pastagens deve ser encarada como o resultado da interação entre os diferentes estágios de crescimento do pasto, de utilização da forragem produzida e a utilização da forragem produzida em produto animal (Odgson, 1990).
Manejo do pasto é, na sua essência, o compromisso entre a necessidade de se manter área foliar para a fotossíntese e a de colher o tecido foliar produzido evitando-se perdas de forragem por envelhecimento e morte dos tecidos (Parsons, 1988).
Em termos práticos, a altura das pastagens assume posição de destaque no manejo de uma fazenda. Sendo de fácil visualização, a altura das pastagens pode determinar o sucesso ou o fracasso da atividade.
O que deve ser compreendido e respeitado por técnicos e produtores rurais em todas as técnicas de manejo de pastagem, seja qual for à variedade de gramínea cultivada, é que quando a pressão de pastejo é muito alta, ou seja, quando o número de animais por unidade de forragem disponível é elevado, muitas folhas são removidas ainda jovens ou mesmo ainda em fase de expansão. Dessa forma, a proporção importante de folhas com alta capacidade de realização de fotossíntese é removida e a produção do pasto diminui progressivamente com o aumento da intensidade de desfolha.
A conseqüência direta da drástica redução da área foliar de uma pastagem é a contínua baixa na produtividade do pasto com progressiva perda de vigor da pastagem. Esta condição é denominada de superpastejo e sua ocorrência é muito freqüente nas propriedades rurais.
Por outro lado, altas taxas fotossintéticas e altas taxas de produção bruta de tecidos (pastos excessivamente altos ou subpastejo) não podem estar associadas com alta eficiência de utilização do pasto, tendo em vista que pouco ou quase nada destes pastos está sendo colhido pelos animais e transformado em produto animal.
O produtor rural precisa encontrar em sua propriedade o número exato de animais por unidade de forragem disponível em sua propriedade. Este é o conceito de pressão de pastejo, que nada mais é do que a preocupação em colocar, em um pasto, número de animais que esteja em equilíbrio com a produção forrageira.
A sustentabilidade da produção de bovinos em pastagens depende do correto planejamento do manejo do pasto, sendo esta a solução mais simples e econômica para o aumento da produtividade da pecuária nacional.
* Marcus Sampaio Baruselli é zootecnista e diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Tortuga Cia. Zootécnica Agrária.
Texto Assessoria de Comunicações – Tel.: (11) 3675-1818
Jornalista responsável: Altair Albuquerque (MTb 17.291)
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