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quinta-feira, junho 24, 2004

Ministro da Agricultura alerta para risco de 'pororoca' na agricultura

Brasil precisa melhorar escoamento da produção para evitar problemas, disse Rodrigues
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o Brasil tem apenas dois anos para colocar sua infra-estrutura de transportes em ordem para evitar uma "pororoca" na agricultura brasileira.
Ao usar o termo pororoca - falando em inglês para uma platéia formada por investidores estrangeiros em Nova York - o ministro explicou que o termo descreve o momento em que, durante a maré alta, o Rio Amazonas deságua no oceano, mas é empurrado de volta pela força das águas do mar, com muito barulho e destruição.
"A agricultura brasileira está produzindo, mas se não conseguirmos escoar isso vamos ter uma gigantesca pororoca. Os preços da produção brasileira podem acabar despencando", disse o ministro.
Roberto Rodrigues disse no Encontro de Alto Nível para Investidores que a maioria dos problemas impedindo o aumento dos investimentos em agricultura no Brasil tem mais relação com outras áreas do governo do que com sua própria pasta.
"Temos três problemas principais dificultando o desenvolvimento da agricultura no Brasil: disponibilidade de financiamento, infra-estrutura de transporte e acesso a mercados internacionais", disse o ministro.

Infra-estrutura
Para o presidente mundial da Bunge - uma grande multinacional americana de agronegócios - Alberto Weisser, o problema básico do Brasil é a falta de uma infra-estrutura de transportes para escoar a produção brasileira.
"Já tivemos no Brasil o apagão. Se não houver uma ação rápida, vamos ter também o paradão", brinca o executivo, que é brasileiro.
Weisser diz que a empresa dele tem a intenção de investir no Brasil, mas problemas práticos e burocráticos impedem que os negócios sejam fechados.
"Queremos construir um terminal graneleiro (porto para movimentação de grãos) no Guarujá (SP) e não conseguimos fechar os detalhes burocráticos para fazermos o investimento", reclama.
O investidor disse, no entanto, que é possível perceber a ação do governo para resolver os problemas e elogiou a realização de um evento nos Estados Unidos para colocar em contato autoridades e executivos.
"Hoje em dia a circulação de informações é muito fácil, mas nada substitui o contato direto com as autoridades", disse.

Financiamento
O responsável pela América Latina da empresa canadense de fertilizantes Agrium, Rob Rennie, cita a falta de financiamentos como o problema mais grave enfrentado pela agricultura no Brasil.
A empresa dele não tem fábrica de fertilizantes no país, mas exporta grande quantidade do produto para o Brasil a partir de sua unidade na Argentina.
"Não temos planos de montar uma fábrica no Brasil, mas trata-se de um mercado importante para nós e no qual temos grande interesse", disse.
O Brasil importa cerca de 45% dos fertilizantes que utiliza e não tem disponibilidade de matéria prima para parar de comprar do exterior.
"Temos condições de aumentar a produção e queremos utilizar uma proporção maior do produto nacional. Mas o crescimento da atividade agrícola deve aumentar o consumo e a importação de fertilizantes em números absolutos", disse o ministro Roberto Rodrigues na palestra.
Rob Rennie acredita que o governo já está tomando atitudes para executar as mudanças necessárias e elogiou as declarações feitas pelas autoridades brasileiras que vieram a Nova York.
"Percebemos nas autoridades brasileiras uma certeza muito grande de que o Brasil tem potencial para crescer", disse.

Transgênicos
O ministro deixou aos investidores que é um entusiasta do uso da biotecnologia e dos transgênicos, mas admitiu que o assunto é muito controverso na sociedade e no governo brasileiros.
"A lei brasileira permite pesquisas mas não permite a produção ou a comercialização de sementes. Com uma lei assim ninguém investe nem em pesquisas. ", disse.
Um dos investidores perguntou ao ministro o que as empresas poderiam fazer para buscar uma solução para este problema.
"Vocês tem de fazer lobby junto ao parlamento e junto à imprensa. Quando eu propus mudanças, 500 ONGs assinaram um documento pedindo minha saída do governo", contou.

Fonte: BBC Brasil

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