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segunda-feira, maio 31, 2004

Zootec 2004 : CARNE DE PORCO AGORA É SÍMBOLO DE QUALIDADE

Na avaliação dos cientistas, pesquisadores e professores que estão partcipando do Zootec 2004, VI Congresso Internacional de Zootecnia e o XIV Congresso Nacional de Zootecnia, em Brasília, a alta tecnologia está transformando a suinocultura e trazendo resultados surpreendentes. Para se ter uma idéia das mudanças, eles agora elevam o suíno à categoria de indispensável na melhor qualidade de vida do homem. Hoje, a maioria dos rebanhos no Brasil se desenvolve em locais de total confinamento, longe das doenças e os animais são criados sobre o cimento limpo. A higiene é tamanha que o pêlo cresce branco e a carne do porco adquiriu um tom róseo. Com isso o consumidor tem à sua disposição no supermercado carne de excelente qualidade e com elevada garantia sanitária.
Com o avanço na tecnologia de manejo e produção dos suínos, a indústria farmacêutica foi a primeira a reconhecer os resultados e beneficiar o homem com o melhoramento genético. São extraídos do animal: a heparina (evita a coagulação do sangue); a hemoglobina; o hormônio da tireóide; válvulas cardíacas; fígado para transplantes, insulina (provém do pâncreas produzido no suíno) e outros medicamentos para epilepsia, mal de Parkinson e outras.
A transformação do porco, no Brasil, se deu a partir da década de 70, com a introdução de raças geneticamente melhoradas para a produção de carne magra. Segundo o pesquisador e professor da Universidade Estadual de Maringá, Ivan Moreira, o “porco fez regime e virou suíno moderno sem gordura”, transformando-se numa fonte de carne e não de banha. Muito embora seja a carne de porco a mais consumida no mundo, no Brasil, apesar de barata, ela ocupa a terceira colocação, com consumo de 13,5 kg per capta ano. A bovina ocupa o primeiro lugar, com 37kg per capta ano, e a de frango, a segunda, com 32kg per capta ano. “Cerca de 70% da carne suína é consumida na forma processada (lingüiça, salchicha etc). Nós queremos aumentar o consumo no Brasil. Para se ter uma idéia, no mercado alemão o consumo atinge, em média, 60kg de carne suína por ano, por cada habitante. Sabemos que há muito espaço para crescer no mercado brasileiro”, sinalizou Moreira.
A suinocultura brasileira é uma das mais desenvolvidas do mundo e produz a carne a um dos menores custos. Assim, o Brasil é um dos grandes competidores no mercado mundial. O professor disse ainda que este setor brasileiro exporta para a Rússia, Argentina, Hong Kong, entre outros. “É grande o interesse comercial por nossa carne no exterior, porque ela é barata e de excelente qualidade. Nós estávamos exportando bastante para a Rússia, mas por interferência dos americanos perdemos um pouco desse mercado, porque eles impuseram várias barreiras econômicas disfarçadas em sanitárias”, explicou.
Na suinocultura a grande estrela é a fêmea. Todo o processo produtivo do “porco light”, por exemplo, se dá a partir da fêmea. Nela, a ciência centrou grande número de suas pesquisas, visando o fruto mais importante: os leitões que ela produzirá. Eles geralmente nascem com 1,5 kg. As marrãs (como são chamadas as fêmeas na puberdade), começam a receber alimentação diferenciada do plantel a partir dos 50kg para crescer com boa ossatura e apresentar o cio mais rápido. Em um período compreendido entre 220 a 230 dias, a marrã já atinge a marca dos 140 quilos, e está pronta para iniciar o processo reprodutivo, permanecendo em produção por 2 a 3 anos. Na Suinocultura, cada fêmea produz, em média, 24 suínos por ano, o que representa um total de 2,4 mil quilos de carne no mesmo período. A alimentação básica é o milho e o farelo de soja, o que torna o custo da carne suína altamente dependente do preço destes alimentos.

Bernardo Brandão / Sônia Jacinto
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