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terça-feira, maio 04, 2004

Transgênicos: Embarque de soja causa polêmica em Paranaguá

Ativistas da organização não-governamental ambientalista Greenpeace organizaram um protesto no Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná, para impedir que o navio Global Wind complete uma carga de soja transgênica. A embarcação já está carregada com 35 mil toneladas de soja transgênica da Argentina e deve receber mais 10 toneladas de soja não-transgênica.
O ativista brasileiro do Greenpeace, Ronaldo Alba, foi um dos que se amarraram à corrente da âncora do navio ontem à tarde.
– Vamos ficar até que o Governo federal entre nessa luta – disse.
A cada quatro horas há um revezamento para permitir que ativistas de vários países façam a vigília da cadeira presa na corrente. A ação em Paranaguá faz parte da expedição ‘‘Brasil Melhor sem Transgênico’’, que o Greenpeace vem realizando desde o mês passado.
O Greenpeace quer impedir que o navio, que recebeu cerca de 35 mil toneladas de soja transgênica na Argentina, tenha a carga completada com mais 10 mil toneladas de soja convencional em Paranaguá. De acordo com Mariana Paoli, da campanha de Engenharia Genética Greenpeace, foi enviado ofício para os ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio Exterior, Transportes e Meio Ambiente pedindo que o governo dê apoio ao protesto.
– Os ativistas do Greenpeace continuarão impedindo que a soja do Paraná seja contaminada até que tenhamos a certeza de que os interesses comerciais brasileiros e as exportações de soja não- transgênica não serão prejudicados – disse a ativista Gabriela Vuolo.
– É preciso que o governo não só apóie a proibição paranaense, mas também que inclua nessa proibição navios carregados de soja transgênica que vêm para Paranaguá a fim de realizar operações de top-loading, ou seja, serem completados com soja não-transgênica.
Ações têm sido realizadas em Paranaguá em razão de o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), ter proibido o embarque de produtos geneticamente modificados pelo terminal paranaense, apesar de o Governo federal liberar provisoriamente o plantio comercial de soja transgênica.
O Global Wind já estava na fila aguardando a ordem para atracar e carregar. Dos 17 navios que estavam ancorados ontem, um estava recebendo apenas soja em grão. Outros dois recebiam carga mista. No entanto, o serviço corria o risco de ser interrompido, pois a previsão era de chuva durante a noite em Paranaguá.
Motivo de uma grande divergência dentro do Governo, o projeto de lei que estabelece normas para a questão da biossegurança está paralisado no Senado, aguardando um período mais adequado para sua votação. A discussão do projeto provocou uma crise de Governo no ano passado e colocou em lados opostos os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, que defende a liberação do plantio de transgênicos, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Representantes dos agricultores movimentam-se para tentar acelerar a tramitação do projeto de lei de Biossegurança.
– Nossa prioridade é pedir aos senadores a aprovação rápida do projeto – afirma o presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto.

Fonte: Jornal do Commercio

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