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segunda-feira, maio 24, 2004

Pesquisa sobre produtos transgênicos vai crescer no país, dizem pesquisadores

As pesquisas sobre produtos geneticamente modificados podem deslanchar no Brasil a partir de agora, de acordo com pesquisadores brasileiros. Elas serão estimuladas pelo interesse dos agricultores de conquistar novas fatias do mercado europeu de alimentos. Nesta semana, a União Européia liberou a importação de milho da variedade BT-11 (resistente a insetos) da multinacional norte-americana Syngenta.
De acordo com João Flávio Veloso Silva, chefe adjunto de pesquisa da Embrapa-Soja, de Londrina (PR), entidades nacionais públicas e privadas têm condições de concorrer com empresas estrangeiras na área de tecnologia em alimentos. "Temos recursos humanos para disputar este mercado, embora não tenhamos as mesmas facilidades de financiamento", comenta. A Embrapa já faz pesquisas de variedades transgênicas de mamão, feijão, soja e batata.
Além da dificuldade de dinheiro, Silva afirma também que é difícil conseguir a liberação dos projetos de pesquisa. Hoje, além de autorização da CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, as pesquisas envolvendo biotecnologia necessitam também do aval da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária e do Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recuros Hídricos.
Os pesquisadores querem simplificar este processo - possibilidade que é acenada pela Lei de Biossegurança, que está em discussão desde o ano passado e hoje é debatida pelos senadores.
Ivo Carraro, diretor executivo da Coodetec - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, de Cascavel, diz que há disputa de poder entre as esferas de governo no que diz respeito à autorização de novas pesquisas. "Todo mundo - estados e municípios - quer criar normas para as leis federais", comenta.
Carraro diz que a decisão de analisar a liberação do consumo de transgênicos caso a caso - como fez a União Européia - é acertada. "Não pode ser uma decisão ideológica, simplesmente sim ou não. Existem os alimentos transgênicos positivos e os que podem ser até perigosos", ressalta.
Para o diretor executivo da Coodetec, é necessário dar uma perspectiva de aplicação prática para as pesquisas feitas com transgênicos no Brasil. "Nós já perdemos parcerias com empresas internacionais. Enquanto isso, nosso mercado é tomado por transgênicos clandestinos. O que já aconteceu com a soja também vai ocorrer com o algodão. Os agricultores vão trazer as sementes da Argentina."

Fonte: Gazeta do Povo

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