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segunda-feira, abril 19, 2004

Produtores reivindicam R$ 56,2 bi em crédito

Representantes do agronegócio entregaram ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma proposta para o Plano Agrícola e Pecuário de 2004/2005, em que pedem para a próxima safra crédito de R$ 56,2 bilhões. O valor seria destinado a custeio e comercialização, com juros de 8,75% ao ano. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na safra passada o Governo destinou R$ 32,5 bilhões para custeio e comercialização.
De acordo com o ministro, para atender ao pedido dos produtores seria necessário buscar mais recursos de outras fontes. “É a história do cobertor curto. Com o volume de crédito demandado, acho difícil que tenha no crédito rural. Então temos que buscar outros mecanismos e já estamos fazendo isso na medida em que os bancos cooperativos podem iniciar operações com a caderneta de poupança rural. Isto já abre uma novidade no processo de crédito rural”, afirmou Rodrigues.
Segundo a proposta dos produtores, para viabilizar esses recursos uma das medidas seria o aumento de 25% para 30% das exigibilidades bancárias destinadas ao crédito rural. Isso iria garantir mais R$ 2,7 bilhões de crédito para o setor.
Outra medida seria permitir que os bancos cooperativos apliquem recursos da poupança rural na concessão de crédito agrícola com taxa equalizada de 8,75% ao ano. Essa mudança, segundo a proposta apresentada pelos produtores, resultaria em R$ 1,5 bilhão a mais em oferta de crédito. Atualmente, os bancos cooperativos não concedem financiamentos com juros equalizados.

Recursos do fat seriam utilizados no custeio
O setor privado sugere também que os bancos cooperativos repassem recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o custeio e a comercialização. Essa operação é realizada pelo Banco do Brasil e Banco do Nordeste (BNB).
A proposta do setor privado foi elaborada pelo Conselho Superior de Agricultura e Pecuária do Brasil (Rural Brasil), formado por entidades do setor agropecuário.
A proposta do setor privado inclui ainda sugestões para desburocratização no acesso ao crédito, criação de novos programas de financiamento e reajuste de limites de concessão de empréstimo em linhas já existentes.
O presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo, diz que a alternativa seria buscar financiamentos do excedente a juros de mercado, que chegam a ultrapassar 22% ao ano. Segundo Salvo, isso inibe maiores investimentos na lavoura impedindo sua expansão.
Rodrigues prometeu aos empresários apresentar no final de maio o plano do Governo para a safra agrícola que se aproxima, incluindo na medida do possível as propostas apresentadas ontem pela CNA. Uma das preocupações do Governo, além do financiamento, é a questão da logística, segundo Rodrigues.
O Governo vai tomar medidas de emergência para melhorar as condições das rodovias e fazer gestões na Organização Mundial do Comércio (OMC) com vista a uma abertura maior nas frentes de exportação, de acordo com o ministro.
O Ministério da Agricultura pretende também tomar medidas para contornar perdas que ocorreram nas lavouras de milho e soja. O ministro afirmou que já visitou as regiões afetadas para se inteirar da questão.


Fonte: Jornal do Commercio

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