AgroBrasil - @gricultura Brasileira Online

+ LIDAS NA SEMANA

segunda-feira, abril 19, 2004

Banco do Brasil libera verba para camarão

Dentro de dez dias, o Banco do Brasil (BB) deve anunciar uma nova modalidade de crédito para produtores de camarão. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, apresentou ao banco um perfil da cadeia produtiva do setor e pleiteou a criação de uma linha de crédito para financiar produtos elaborados. Pelos cálculos da ABCC, seria necessário um crédito rotativo da ordem de US$ 100 milhões para encampar a estratégia.
Atualmente, a carcinicultura conta com linhas de financiamento para investimento e custeio, mantidas pelo Banco do Nordeste (BNB). "Com o financiamento para comercialização e estoque poderemos atender a toda a cadeia produtiva", frisa Rocha. O presidente da ABCC lembra que o principal gargalo do setor está na ponta do processo produtivo, depois que o camarão é congelado. "Existe uma enorme pressão para que o produto seja rapidamente comercializado depois da despesca, em função da pequena capacidade de estocagem e da falta de alternativas de agregação de valor ao camarão", explica.

Crédito adequado
Na avaliação do analista da Diretoria de Agronegócios do BB, Mauro Vaz, o banco vai estudar a cadeia produtiva do setor para avaliar quais seriam as modalidades de crédito mais adequadas. "Acreditamos que a Cédula de Produto Rural (CPR) ou o financiamento à estocagem podem atender satisfatoriamente ao setor, mas não descartamos a possibilidade de apresentar alternativas de financiamento", observa.
Vaz explica que a CPR é um título cambial, negociável no mercado e que permite ao produtor rural obter recursos para desenvolver sua produção ou empreendimento, com comercialização antecipada ou não. "A CPR Física, por exemplo, pode permitir ao carcinicultor planejar melhor suas atividades e vender antecipadamente parcela de sua produção", observa o analista, sugerindo que a CPR pode ser emitida num prazo de até quatro meses antes da despesca.
No ano passado, o Banco do Brasil emprestou cerca de R$ 1,5 bilhões a título de CPR. Desde que foi criada, em 1994, a cédula registra R$ 5 bilhões em negócios realizados. Foram quase 100 mil CPRs avalizadas pelo BB, envolvendo uma média de 200 produtos agropecuários. Os produtores de café, soja e gado foram os que mais demandaram esse tipo de crédito, respondendo por 83% do total de financiamentos.
Diferentemente da CPR, o crédito para estocagem seria dirigido às processadoras de camarão. Vaz lembra que essa modalidade já é operada com sucesso entre setores como bovinocultura, suinocultura, avicultura e produção de grãos. A taxa de juros aplicada às operações é TR mais 17% ao ano. O analista diz que o limite de crédito vai depender da capacidade de endividamento de cada cliente.
Itamar Rocha frisa que o Brasil precisa se alinhar à tendência internacional de oferecer produtos elaborados. Mas, para isso, é preciso ter condições de estocar a produção para depois beneficiá-la. Hoje o Brasil se limita a exportar camarão sem cabeça para os Estados Unidos e com cabeça para a Europa, amargando o pior preço pago pelo quilo do produto no mundo. No ano passado, enquanto a média paga pelos Estados Unidos aos exportadores do crustáceo foi de US$ 7,53/kg, o Brasil conseguiu apenas US$ 4,46.
"Não podemos continuar vendendo o camarão como commodity. Na Tailândia, por exemplo, 70% das exportações do crustáceo são de produtos elaborados. E existe mercado para isso. Tanto que os Estados Unidos – maiores consumidores mundiais de camarão – importaram 504,5 mil toneladas no ano passado, das quais 60% foram de produtos processados", compara.

Crédito bancário
No início do ano, Banco do Nordeste (BNB) atendeu a uma antiga reivindicação dos carcinicultores, disponibilizando uma linha de crédito de custeio isolado para o setor. O Banco do Nordeste estreou nessa modalidade de crédito disposto a destinar cerca de 20% dos recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) para capital de giro no setor produtivo da região como um todo.
Em 2004, o BNB conta com R$ 4,5 bilhões em carteira para financiar o setor produtivo. O crédito para custeio financia a compra de insumos e matéria-prima.


Fonte: Gazeta Mercantil

Nenhum comentário:

+ LIDAS NOS ÚLTIMOS 30 DIAS

Arquivo do blog