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sexta-feira, março 26, 2004

Soja transgênica produz 6% menos que a convencional, diz pesquisador dos EUA

A soja transgênica produz 6% menos que a soja convencional e é prejudicial ao solo. A afirmação é do professor Miguel Altieri, Doutor em Agroecologia e professor titular na Universidade de Berkeley, Califórnia - EUA. Ele esteve no Paraná a convite da Universidade Federal do Paraná - UFPR e visitou unidades da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Altieri elogiou a posição do Governo do Paraná a respeito dos organismos geneticamente modificados e destacou a importância do Centro de Agroecologia.
"Parece que nenhum estado ou país tem essa visão. É muito importante que o Paraná esclareça seus agricultores sobre o assunto. Os transgênicos não podem conviver com a agricultura convencional pois, além de tudo, prejudicam o solo. O Estado tem uma preocupação ecológica muito grande e sem dúvida será beneficiado por isso". De acordo com o professor, pesquisas realizadas nos EUA confirmaram que a soja transgênica produz 6% a menos que a convencional. "Essa ganância dos produtores que insistem no plantio de OGMs - organismos geneticamente modificados é equivocada", completou.
Em palestra realizada na Emater - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná , o professor ressaltou a importância da agricultura orgânica, destacou a necessidade da policultura e alertou para os riscos dos OGMs. "Ainda não conhecemos os impactos ambientais causados pelos organismos geneticamente modificados. Os estudiosos que tentaram observar foram crucificados pelo meio acadêmico. Infelizmente o monopólio é muito grande", revela o professor.
Na segunda-feira o professor visitou o Centro de Agroecologia do estado, localizado no Parque Newton Freire-Maia. Trata-se de uma parceria entre a Seab - Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Secretaria do Planejamento, Iapar, Emater, Sanepar, UFPR, Colônia Penal Agrícola e Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho. O projeto destina-se a promover o desenvolvimento da agricultura orgânica, por meio de experimentos científicos e pesquisa, capacitando o pequeno produtor, estudantes e profissionais da área.
A visita de Altieri serviu de incentivo para os técnicos em agricultura orgânica. "O doutor ressaltou pontos fundamentais para levarmos o Centro adiante. Ele nos deu dicas preciosas para desenvolvermos um bom trabalho e melhorar a qualificação e capacitação de nossos agricultores", destaca um dos coordenadores do Centro de Referência em Agroecologia e engenheiro agrônomo da Emater-Colombo, Julio Veiga Silva. "O Centro tem muito potencial. A estrutura é ótima, uma das melhores que visitei até hoje. Como em todo o projeto, há necessidade de recursos e deve ocorrer uma total sintonia entre todas as entidades envolvidas. A parceria é fundamental.", revelou Altieri.
Chileno de origem, o professor é um dos ícones de Agroecologia no mundo. Ele tem centenas de pesquisas desenvolvidas e dezenas de livros publicados. "A vinda dele para o Paraná foi algo muito importante, pois tivemos contato com uma visão muito avançada sobre a agricultura orgânica", disse o engenheiro agrônomo da Emater - Campo Largo, Homero Cidade.

Fonte: Agência Estadual de Notícias

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