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terça-feira, março 30, 2004

Embrapa está próxima de lançar variedade de cebola doce

Pesquisadores da Empresa Brasileiro de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estão a um passo de lançar no mercado de hortaliças uma variedade de cebola que não provoca choro involuntário quando descascada, não deixa o característico hálito quando ingerida e que pode ser comida como fruta in natura por ter um sabor quase doce. Os pesquisadores da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE), utilizando método de melhoramento genético chamado de seleção recorrente, estão iniciando o terceiro ciclo de avaliação para a cebola com baixo teor de pungência - nome que expressa o sabor picante dessa hortaliça. Os resultados são muitos promissores, revela o pesquisador Carlos Antonio Fernandes Santos.
O sabor picante das cebolas está relacionado à presença do ácido chamado pirúvico. Quando cortada, mastigada ou macerada a cebola sofre reações químicas que fazem ressaltar a presença desse ácido no bulbo. Quanto maior a sua quantidade, mais acentuada será a pungência. A pesquisa da Embrapa Semi-Árido está identificando bulbos com baixa incidência do ácido pirúvico. Da variedade Alfa Tropical, desenvolvida pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), já se tem selecionado bulbos com teores dessa substância abaixo de 3 micromol por miligrama. Uma cebola com essa característica pode ser classificada como super doce, explica Carlos Antonio.
O pesquisador estima que até o final desse ano ou, no máximo, início do próximo, já terá um material para ser cultivado em áreas piloto. Para ele, é um prazo razoável e estratégico para os negócios do setor: com a cebola doce, o Brasil pode almejar conquistar novas oportunidades de exportação e aumentar o consumo nacional da cebola. O mercado internacional de cebola é amplamente dominado por variedades doces. Além disso, a cebola pesquisada na Embrapa Semi-Árido é totalmente adaptada às condições ambientais do Nordeste brasileiro. Questões técnicas relacionadas ao ajuste do método de pesquisa e à definição de procedimentos rotineiros de quantificação do ácido pirúvico nos bulbos já foram equacionados pelos pesquisadores do Laboratório de Fisiologia Pós-Colheita da Embrapa Semi-Árido, Joston Simão Assis e Maria Aparecida Coelho Lima, o que deve acelerar a identificação da nova cultivar de cebola doce.
As sementes de cebola doce disponíveis no mercado brasileiro atualmente são importadas dos Estados Unidos. O desenvolvimento de uma variedade brasileira traz vantagens significativas para os negócios agrícolas do setor. Carlos Antonio elenca alguns deles: o país economizará divisas ao deixar de importar, a produção de sementes pode ocorrer em âmbito local (o que estimula a geração de renda e de oportunidades de emprego) e serão reduzidos os riscos de infestação de pragas, já que o material importado é bem susceptível. Outra vantagem poderá ser o aumento do consumo nacional, devido ao apelo terapêutico da cebola, quer poderá estabilizar os preços para os produtores.
Outra grande vantagem da cebola doce apontada pelo pesquisador está nas suas propriedades terapêuticas. Ela contém substâncias que impedem a formação de plaquetas no sangue e reduzem os riscos de entupimentos das veias do coração e doenças cardiovasculares. Alguns estudos também relacionam a redução de colo retal ao consumo de cebola, em especial crua: a passagem da cebola pelo processo de cozimento ocasiona a perda dessas substâncias e do sabor. "Uma cebola de sabor doces com essas propriedades medicinais terá forte apelo para comercialização, já que esse tipo de produto já domina o mercado internacional e deve crescer sua participação no mercado interno", conclui Carlos Antonio.

Mais informações:
Jornalista: Marcelino Ribeiro
Embrapa Semi-Árido
Telefone:. (87) 3862-1711

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