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terça-feira, fevereiro 03, 2004

O que as cooperativas querem

Evaristo Camara Machado Netto*

A geração de riqueza compartilhada não é resultado de manobra contábil, os postos de trabalho não dependem de aventuras financeiras e a transparência da gestão não é garantida só por uma auditoria externa. A solidariedade, a eficiência e a credibilidade são valores fundamentais praticados no cotidiano das cooperativas brasileiras e paulistas.
Nós, do movimento cooperativista, não queremos medalhas no peito e privilégios no bolso por seguir os princípios mantidos nesses 100 anos de Brasil e 160 anos em todo o mundo. Reivindicamos o reconhecimento às cooperativas. Primeiro, à excelência produtiva e social do ato cooperativo. E, não menos importante, ao fato de sermos uma das raras categorias econômicas de gestão e capital brasileiros.
Dados preliminares do cooperativismo paulista mostram um movimento de R$ 7,56 bilhões no ano passado apenas no ramo agropecuário, o que representa 30% de aumento sobre 2002 e mais de 30% sobre o valor anual da produção agropecuária paulista.
Agora, quem é mais importante? O cooperado produtor do grande sucesso da economia em 2003 e multiplicador do desenvolvimento sustentado? Ou o capital global volátil, sempre à procura de mão-de-obra barata e recursos naturais a explorar? O Banco Central sabe. O cooperativismo recebeu aval e estímulo relevantes da autoridade monetária com as novas normas de microcrédito, que facilitaram a formação de cooperativas de crédito. A importância do incentivo pode ser medida por exemplos de economia no crédito cooperativo. Para citar só um caso, o Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil) poupou, em 12 meses, R$ 63 milhões dos associados, que seriam gastos em operações de compensação de cheques.
No caso das cooperativas de transporte, o crescimento significativo fez a Ocesp preparar a criação de novo ramo de representação. A formação de novas cooperativas de trabalho indica que o modelo de organização encontra espaço entre os tomadores de serviços terceirizados. Para ajudar a combater o déficit de um milhão de moradias no estado, as cooperativas entregaram mais de 80 mil unidades em dez anos. As cooperativas de pais são uma opção educacional de qualidade a custos menores. O sistema de saúde cooperativo serve de modelo a outros países. As cooperativas de consumo eliminam intermediários e garantem gêneros mais baratos.
Em São Paulo, o cooperativismo já mostrou sua força. Somamos 1.025 cooperativas no Sistema Ocesp/Sescoop-SP e 108 novos registros foram aceitos em 2003. Também impressiona o número de consultas de interessados na formação de cooperativas: um total de 757 durante o ano.
Para garantir o bom funcionamento do sistema, a Ocesp orienta as cooperativas novas: analisa o cumprimento das exigências legais, verifica o funcionamento e concede registro provisório por um ano. Se, durante este período, a cooperativa não se adequar às normas, o registro é suspenso. Afinal, temos muitos interessados em entrar para o sistema: a freqüência às palestras gratuitas sobre cooperativismo duplicou. Diante da procura crescente pelo modelo cooperativista, a Ocesp investe em educação. Só em 2003 foram 237 cursos, atingindo mais de 6.500 pessoas. No Programa de Autogestão foram capacitados 700 cooperativistas no ano passado.
Ainda temos muito trabalho pela frente, mas se as reivindicações claras e justas das cooperativas não puderem ser atendidas, o país estará premiando não só quem não trabalha e especula, mas aqueles que prejudicam o Brasil e os brasileiros.

*Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de S. Paulo (Ocesp




Cintia Beck
Assessora de Imprensa
Ex-Libris Comunicação Integrada

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