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sexta-feira, fevereiro 13, 2004

NOBEL DA PAZ DEFENDE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

O prêmio Nobel da Paz (1970), Norman Borlaug, defendeu hoje (11/02) a produção de alimentos a partir de organismos geneticamente modificados como forma de aumentar a produtividade na agricultura e reduzir o uso de herbicidas. “Quem é contra produtos transgênicos usa argumentos cegos e coloca o sentimento à frente da razão e da lógica”, enfatizou. Como o principal instrumento para melhorar a distribuição de alimentos no mundo, Borlaug aponta a geração de empregos aliado à garantia de educação na infância.
Ele citou a China como maior exemplo de país que conseguiu promover uma distribuição eqüitativa de alimentos. “A China, que enfrentou grave crise de escassez de alimentos na 2ª Guerra Mundial, investiu em pesquisa e hoje é auto-suficiente na produção de grãos e aumentou suas exportações, beneficiando os agricultores”. Borlaug, que se reuniu esta tarde com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, está no Brasil desde o dia 03 de fevereiro para conhecer as novas fronteiras agrícolas do país.
Conhecido como o “Pai da Revolução Verde”, ele considera o Brasil como o país com maior potencial para se tornar um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo e acredita que a distribuição de alimentos deve ser atrelada a oferta de trabalho. “Defendo a troca de alimento por trabalho em obras públicas e não a distribuição gratuita” disse o Prêmio Nobel, de 88 anos. A Revolução Verde foi o evento responsável pelo aumento da produção de cereais em diversos países em desenvolvimento, principalmente na Ásia, na década de 60.
O roteiro de Borlaug no Brasil, inclui visitas a lavouras que utilizam o sistema de plantio direto na palha, responsável pela melhoria do desempenho da agricultura em regiões de solos pobres e mal aproveitados, como o Cerrado. Há quase dez anos, quando esteve pela primeira vez no país, ele previu o crescimento da agricultura na região. “Estou convencido de que o que está acontecendo no Cerrado é um dos mais espetaculares eventos de desenvolvimento agrícola da história mundial”, disse à época.
O plantio direto na palha já ocupa cerca de 20 milhões de hectares das lavouras comerciais brasileiras de grãos. Isso representa quase 41% dos 46,6 milhões de hectares ocupados pela atividade agrícola no país, principalmente com as culturas de soja, milho, algodão e feijão. Hoje, o plantio direto na palha é empregado no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais, entre outros estados do Centro-Oeste.
O sistema é o modelo de produção que se encaixa no conceito de agricultura sustentável. A prática consiste em plantar sem revolvimento do solo por arado ou grade, não permitindo a erosão e mantendo os nutrientes na terra. A palha sobre a superfície protege o solo contra o impacto das gotas de chuva, possibilitando maior infiltração de água e menor arraste de terra.


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