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segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Falta rigor na discussão sobre os transgênicos

Debates envolvendo transgênicos despertam uma série de controvérsias porque, em geral, defensores e críticos fazem defesa ferrenha aos seus argumentos. O fato, porém, é que falta informação. Ainda é preciso dar continuidade às pesquisas na área para conhecer todos os benefícios e malefícios de sementes geneticamente modificadas no longo prazo.
Enquanto isso, a produção de alimentos transgênicos vem aumentando em todo o mundo. Em 2002, por exemplo, foram 58,7 milhões de hectares plantados, ou seja, um crescimento de 10% em relação ao ano de 2001; um mercado que movimentou US$ 4,25 bilhões.
A rejeição aos transgênicos ainda é grande; em boa parte devido à falta de informações detalhadas sobre o assunto. É o medo do novo. Na Europa, uma pesquisa apontou que 78% dos suecos, 77% dos franceses e 65% dos italianos e holandeses preferem produtos convencionais.
Ainda assim, os europeus importam anualmente nove milhões de toneladas de farelo de soja transgênica da Argentina, e oito milhões de toneladas de grãos dos Estados Unidos; tudo para consumo animal.
O aumento da produtividade – em até 25% – é um dos pontos-chave levantados por quem defende os transgênicos. Uma pesquisa do cientista belga Rodolfo de Borchgrave, por exemplo, indicou que, se o Brasil plantasse o milho Bt – transgênico – poderia ter um aumento de 5% na produtividade, além de corte de 50% dos custos, graças ao menor uso de inseticidas.
No Rio Grande do Sul, porém, experiências de plantadores de soja mostraram que nem sempre os resultados são satisfatórios. Um estudo do engenheiro agrônomo e doutor em Engenharia de Produção Leonardo Melgarejo cogita que a produção de soja pode ter sido prejudicada pelas sementes transgênicas.
Como o clima no período foi considerado excelente, os bons resultados já eram esperados. Ocorre que os rendimentos das lavouras convencionais do Centro-Oeste do Brasil acabaram sendo 25% maiores que os das lavouras transgênicas no Rio Grande do Sul. O mau resultado se deveria, entre outros fatores, à falta de adaptação das sementes ao solo do lugar, o que, em tese, prova que a produtividade é relativa.
O fato é que falta legislação específica sobre o assunto por aqui. O Brasil precisa se posicionar melhor com relação aos transgênicos; ou para apostar no setor, ou para valorizar seus produtos convencionais, utilizando-se de certificação adequada.
Por enquanto, vender transgênicos ou não-transgênicos acaba saindo pelo mesmo preço. A diferença fica somente no bolso dos países produtores, já que, em geral, a produção de sementes geneticamente modificadas sai mais barata.
Quando se fala em transgênicos, outro ponto relevante é a questão da dependência. No caso das sementes, já há diversas empresas produtoras, e não se pode dizer que existe um monopólio, apenas uma concentração. Por outro lado, a utilização de técnicas de transgenia já patenteadas pertence a quem detém a tecnologia, e até mesmo os institutos de pesquisa que realizarem descobertas utilizando-se das técnicas descobertas pela multinacional que possui a patente terão de pagar royalties.
A questão fundamental é o investimento em pesquisa. A Monsanto só detém os direitos relacionados ao herbicida à base de glifosato porque investiu pesado em biotecnologia. As grandes empresas do ramo, aliás, investem anualmente US$ 1 bilhão.
Se o Brasil não quiser depender das multinacionais para crescer no mercado de transgênicos também terá de investir em novas técnicas. Somente assim poderá ter autonomia.

Fonte: O Dia

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