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sexta-feira, fevereiro 27, 2004

AGRONEGÓCIO BRASILEIRO VIRA CAPA DE REVISTA DOS EUA

A forte profissionalização e o enorme potencial de crescimento da agropecuária brasileira têm despertado grande interesse nos países desenvolvidos. A influente revista norte-americana “Newsweek”, por exemplo, estampou na capa da sua última edição as proezas do agronegócio nacional sob o título “O verdadeiro boom do Brasil: os fazendeiros do país agora alimentam o mundo”.
Numa ampla reportagem, o repórter Mac Margolis diz que a “a revolução agrícola do titã do agronegócio” está apenas no estágio inicial, descreve a ocupação do Centro-Oeste e destaca a liderança do Brasil nas exportações mundiais de carne bovina, frangos e complexo soja. Na semana passada, o Prêmio Nobel da Paz de 1970, Norman Bourlag, havia dito, durante encontro com o ministro Roberto Rodrigues, que o Brasil será em pouco tempo “o maior exportador mundial de alimentos”.
O repórter norte-americano esteve em Lucas do Rio Verde, na região Médio Norte do Mato Grosso, e viu o intenso progresso gerado a partir do campo. Segundo a revista, a cidade “que emergiu do pó há 25 anos” virou um dos mais importantes pólos de produção de milho, soja e algodão do Brasil. “A fronteira é dotada de enormes silos, colheitadeiras computadorizadas, lavouras do tamanho de uma cidade, além de agrônomos inteligentes, moderna tecnologia e as mãos calejadas de pioneiros”.
A revista constata a “supersafra” de 123 milhões de toneladas, o dobro de uma década atrás, e afirma que enquanto o desemprego nacional bateu em 8% no ano passado, o setor rural respondeu com um crescimento de 6,5% no país e de 10% em fronteiras agrícolas como Mato Grosso, Tocantins e Goiás.
A “Newsweek” espanta-se com o nível de agroindustrialização do país e diz que alguns analistas prevêem que o Brasil pode se tornar o primeiro exportador mundial de alimentos do mundo no médio prazo. Hoje, o país ocuparia em 2001 o quarto lugar, com 3,9% de participação, no ranking dos maiores exportadores, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Estaria atrás apenas dos Estados Unidos e União Européia, mas bem próximo do Canadá, que detém uma fatia de 4,2% do mercado.
O texto descreve a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar a liberalização do comércio agrícola num objetivo-chave de sua administração e cita a abertura de processos para contestar os pesados subsídios dos EUA ao algodão e da União Européia ao açúcar. “Não por acaso, dois dos mais próximos conselheiros de Lula são os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, ele próprio um fazendeiro, e do Desenvolvimento e Comércio, Luiz Furlan, dono de um dos maiores frigoríficos do continente, a Sadia”. A revista ressalta ainda o importante papel desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a adaptação de cultivares ao clima e à temperatura dos Cerrados, além de destacar as pesquisas que possibilitaram o plantio de duas safras num único ano, algo inédito em outras partes do mundo.

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