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quinta-feira, janeiro 29, 2004

TRANSGÊNICOS : Cientistas temem descontrole

Um dos temas centrais em discussão no Tribunal diz respeito aos possíveis efeitos negativos para o meio ambiente e a saúde humana decorrentes do uso de transgênicos sem estudos científicos prévios que garantam sua segurança plena. Os críticos do modo como vem ocorrendo a liberação dos transgênicos no Brasil ganharam um importante argumento baseado em um estudo feito por cientistas norte-americanos. O Conselho de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos acaba de divulgar um relatório sobre a expansão do uso de transgênicos, advertindo que será muito difícil impedir que plantas e animais geneticamente modificados tenham efeitos negativos inesperados sobre o meio ambiente e a saúde pública.
Segundo o The New York Times, o relatório do Conselho afirma que a maioria das técnicas desenvolvidas até aqui com o objetivo de impedir a disseminação descontrolada de transgênicos na natureza não pode ser considerada completamente segura. Esse descontrole pode acontecer tanto com animais quanto vegetais. O documento dá exemplos de como isso pode acontecer. Um peixe modificado geneticamente para se desenvolver mais rapidamente pode causar desequilíbrio ecológico, ao obter vantagens inesperadas na disputa por alimentos e parceiros. Plantas transgênicas resistentes a agrotóxicos ou a insetos podem transmitir seus genes para ervas daninhas, tornando sua erradicação mais difícil.
O documento do governo dos EUA manifesta preocupação com o crescimento desenfreado e sem controle de um número cada vez maior de espécies geneticamente modificadas, como salmões capazes de supercrescimento, mosquitos que não transmitem malária, milho contendo substâncias químicas da indústria farmacêutica e industrial. A Academia Nacional de Ciências dos EUA considera que mesmo métodos considerados mais eficazes, como o bioconfinamento, não oferecem segurança plena. O bioconfinamento consiste num conjunto de medidas preventivas, como esterilização de peixes e insetos e introdução de genes suicidas em bactérias capazes de destruí-las caso elas escapem do ambiente dos laboratórios.
Os cientistas criticam ainda o que chamam de falta de firmeza da agência Food and Drug Administration (FDA) - responsável pela liberação de novos alimentos e medicamentos nos EUA- nos casos de pedidos de aprovação de venda de salmão transgênico, desenvolvido para ter um crescimento acelerado. Esses pedidos, segundo eles, estão sendo aprovados sem as medidas de precaução necessárias. A Academia Nacional de Ciência teme que os interesses econômicos de curto prazo acabem atropelando critérios científicos, sanitários e ambientais, com conseqüências imprevisíveis em um futuro próximo.

Fonte: Agência Carta Maior

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